A Madeira foi aquela que, em 2019, registou menor prevalência de consumo de bebidas alcoólicas e de comportamentos de risco acrescidos associados ao álcool entre a comunidade jovem. Mas as notícias não são apenas boas.
A embriaguez severa tem vindo a aumentar na mesma faixa etária. Estes dados constam de um inquérito realizado aos jovens no Dia Nacional da Defesa e que ontem – Dia Internacional de Luta Contra o Uso e Tráfico Ilícito de Droga foi divulgado em todo o país.
Segundo aquele inquérito da responsabilidade do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), a Madeira é a região do País com menor prevalência de consumo, ao longo da vida, no último ano e nos últimos 30 dias, no álcool, na cannabis, no tabaco e nas drogas ílicitas.
Resultados que, segundo Nelson Carvalho, da UCAD (Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências), se devem ao investimento da Secretaria Regional da Saúde e da Proteção Civil, em articulação com as entidades públicas e privadas, com competência em matéria dos comportamentos aditivos e dependências, assente num modelo de respostas integradas, cuja pedra de toque tem sido a prevenção em consonância com a dissuasão, o tratamento, a redução de riscos a minimização de danos, a reinserção e a dimensão da fiscalização e repressão.
O inquérito, fruto de uma parceria com o Ministério da Defesa Nacional, revela que a Madeira e os Açores são as regiões com a maior diferença (3.8 pontos percentuais) entre a prevalência de consumo de bebidas ao longo da vida e nos últimos 12 meses, o que se traduz numa maior proporção de desistentes. A região Norte destaca-se em sentido contrário, pelo que nesta zona, quase todos os jovens que já tomaram uma bebida alcoólica na vida fizeram-no nos últimos 12 meses.
“Na Região Autónoma da Madeira, apesar de se verificar um decréscimo da experimentação de bebidas alcoólicas, o consumo atual de álcool e a embriaguez recente têm vindo a aumentar”, diz o estudo, o qual adianta que a Madeira foi também aquela que, ao contrário do Alentejo e do Centro- que tanto registaram aumentos no consumo numa base diária de bebidas alcoólicas, como aumentaram o consumo de drogas ilícitas – regista a maior descida.
Em termos gerais, os resultados do inquérito indicam que, em todo o país, entre 2015 e 2019, os consumos mais frequentes de bebidas alcoólicas têm-se mantido razoavelmente estáveis. Contudo, a prevalência de consumo binge (excessivo) e de embriaguez severa tem vindo a aumentar.
Quase todos os jovens aos 18 anos já tomaram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida e nos últimos 12 meses, cerca de metade bebeu pelo menos uma vez de forma binge e cerca de um terço embriagou-se severamente O Inquérito aos Jovens Participantes no Dia da Defesa Nacional é um estudo que, desde 2015, se realiza anualmente em torno dos comportamentos aditivos entre os jovens portugueses que nesse ano completam 18 anos.
Em 2019, à semelhança dos anos anteriores, um em cada quatro jovens declarou ter experienciado problemas que atribui à utilização da internet, experiência que tem aumentado ligeiramente, principalmente nas raparigas.
Madeira é região onde mais se joga em apostas online
Na Região Autónoma da Madeira, assiste-se a um crescimento dos jogos de apostas online maior do que as restantes regiões. Instado a comentar esta tendência, ao Jornal, Nelson Carvalho afirma que esta é uma área emergente e recente e sublinha o trabalho que tem sido feito ao nível da formação, do diagnóstico e intervenção mas que ainda não se reflete nos resultados. “Por isso é que estes estudos são fundamentais para monitorizar, reavaliar e melhorar a nossa intervenção”, adianta o responsável da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências. De referir que, ainda no que toca às apostas online, a maioria é feita pelos rapazes mas há também outra boa notícia: a maioria não joga a dinheiro.
Carla Ribeiro
In "JM-Madeira"