Desde o dia 2 de abril, data em que foi aberta pelo IASAÚDE a linha de apoio psicológico para dar resposta às questões relacionadas com o surto de Covid-19, já estão a ser acompanhadas 49 pessoas, num total de 189 contactos estabelecidos. Contudo, já antes de esta linha ser criada, mais precisamente desde o dia 16 de março, 22 pessoas já recebiam ajuda psicológica relacionada com o impacto da pandemia.

 

No total, são 71 pessoas, na maioria mulheres, de vários concelhos daRegião e com idades que vão dos 17 aos 80 anos, que foram ou ainda estão a ser acompanhadas por uma equipa formada por nove psicólogos e uma enfermeira de saúde mental, através da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD).

 

Algumas delas já estão infetadas pelo novo coronavírus, outras, por conviverem ou conhecerem alguém que é portador da doença, entram num elevado estado de ansiedade.

 

Segundo Nelson Carvalho, diretor da UCAD, a ansiedade, a angústia, o medo em relação ao futuro, perturbações do sono e tristeza são os principais sintomas que levaram estas pessoas a procurarem ajuda através da linha telefónica.

 

Contudo, revela que tem também havido casos de perturbações psicóticas e para as quais até já foi necessário recorrer ao internamento compulsivo.

 

 Neste campo, o responsável explica que tem havido uma grande articulação, não só entre os serviços de psicologia e psiquiatria do SESARAM, mas também com os serviços regionais, não só de saúde como das forças de segurança.

 

Outro dado referido por Nelson Carvalho é o aumento do consumo de substâncias psicoativas quer lícitas, quer ilícitas. O diretor da UCAD chama a atenção para este problema, porque, para além dos casos que já vinham sendo acompanhados, há outros novos que surgiram com esta pandemia.

 

“Estas crises são fatores de risco para o consumo de substâncias psicoativas”, avisa o responsável, aconselhando as pessoas para não o fazerem porque “o consumo só irá agudizar ainda mais a situação”.

 

Por isso, adverte, “nós precisamos de estar conscientes, dormir bem e tentar manter ao máximo as nossas rotinas diárias”.

 

Se os dias custam a passar e a internet parece ser o único escape, Nelson Carvalho deixa outro alerta: cuidado com o tempo que passamos à frente dos ecrãs.

 

Apesar das novas tecnologias serem importantes, estas devem ser alternadas com outras atividades” porque, passado este confinamento obrigatório, estas “poderão criar dependências graves”, alerta.

 

Recorde-se que a linha de apoio psicológico está disponível através do número de telefone 291 212 399.

 

Por Lúcia M. Silva

 

In “JM-Madeira”