Ontem, atracou no porto do Funchal um cruzeiro vindo de Las Palmas. Três dias antes tinha partido de Tenerife.
A Madeira espera que as autoridades sanitárias das Ilhas Canárias cumpram com as medidas que foram estipuladas a nível internacional, por causa da infeção pelo novo coronavírus (Covid-19), controlando, de forma eficaz, todas as saídas, quer sejam por via marítima ou aérea, do seu território.
Ontem, com o isolamento de uma unidade hoteleira em Tenerife e o aumento do número de casos confirmados (até à hora de fecho desta edição eram quatro contabilizados em Espanha), a preocupação, face aos muitos madeirenses que escolheram passar estes dias de Carnaval nas ilhas Canárias (ver página 3 desta edição), cresce de forma significativa não só para a população, mas também para as autoridades.
Na opinião do presidente do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAÚDE), viajar para as ilhas Canárias pode ser feito, mas quem o fizer deverá manter os cuidados de proteção individuais, nomeadamente proteger-se quando espirrar ou tossir, lavar frequentemente as mãos e evitar aglomerados populacionais. São “regras básicas” para qualquer tipo de contágio ou para qualquer tipo de doença contagiante”. “Neste momento, o que as Canárias devem fazer e o que está padronizado nos regulamentos sanitários internacionais é que, quem viajar de Tenerife terá de fazer um controle à saída. Isto é o que está padronizado e o que é correto fazer. Se alguém quiser viajar para Canárias, viaja, mas terá de ter os cuidados habituais de proteção individuais”, alertou ao JM Herberto Jesus, salientando desconhecer se as autoridades daquele arquipélago estão a realizar esse controle ou não.
Ontem à tarde, um navio de cruzeiro atracou no Porto do Funchal, vindo de Las Palmas. Três dias antes, tinha feito escala em Tenerife, a ilha onde, entretanto, foram registados três casos de infeção pelo Covid-19. Supostamente não houve controle dos passageiros à saída porque, a 22 de fevereiro, ainda não havia casos confirmados no arquipélago. O navio fez escala no Funchal, de ontem para hoje, e a maioria dos passageiros desembarcou.
Este é um dos exemplos que ilustra bem a importância do controle que deve ser feito aos passageiros, à saída das zonas onde existem casos confirmados de coronavírus, referido atrás pelo presidente do IASAÚDE.
Perante a disseminação deste vírus em vários países, o responsável voltou a garantir que a Região está, neste momento, preparada “com todos os mecanismos de atuação afinados, com a possibilidade de fazer diagnóstico laboratorial e com a identificação da capacidade instalada”.
“Em termos operacionais estamos preparados”, afirmou, salientando que, neste momento, a grande preocupação é a progressão da doença a norte de Itália e os novos casos nas Ilhas Canárias.
Hotel sem madeirenses
Até ao final da tarde de ontem, não havia confirmação que estivessem madeirenses no hotel em Adeje, no sul de Tenerife, colocado em quarentena devido ao caso positivo de um hóspede italiano infetado pelo novo coronavírus. Facto que veio a se confirmar, à noite, através de uma fonte oficial que garantiu à Lusa, que não havia qualquer português naquela unidade.
Mas, entretanto, o presidente do Instituto de Administração da Saúde (IASAÚDE), Herberto Jesus, já tinha estabelecido contactos junto da unidade hoteleira e de outras entidades e não havia a confirmação de madeirenses .
Governo faz ponto da situação
Várias entidades regionais, representantes de áreas como a Saúde, Turismo e Proteção Civil, reuniram-se ontem, no Funchal, para ser feito um ponto da situação sobre o coronavírus na Região. De acordo com o SESARAM, o encontro de ontem foi marcado no final da tarde da última segunda-feira, na sequência das notícias trazidas nos últimos dias que dão conta de um aumento galopante do número de casos confirmados em Itália e do surgimento da infeção nas Canárias, destino para onde foram muitos madeirenses de férias nestes dias de Carnaval. O SESARAM afirma estar atento e preparado em termos operacionais.
Por Lúcia M. Silva
In "JM-Madeira"