Estudo revela ainda que número de crianças obesas aumentou 11 vezes nas últimas quatro décadas.

 

Portugal surge no 22.º lugar entre 180 países do mundo no que respeita ao desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes, num ranking construído pelas Nações Unidas e pela revista científica The Lancet.

 

A Organização Mundial da Saúde, a UNICEF e a The Lancet criaram um ranking que pretende traduzir o estado da saúde infantil e de bem-estar, que mede as condições fundamentais para as crianças prosperarem.

 

Nesse ranking, Portugal surge em 22.º lugar, numa tabela liderada pela Noruega, Coreia do Sul e pelos Países Baixos. Segue-se França, Irlanda, Dinamarca, Japão, Bélgica, Islândia, Reino Unido e Luxemburgo. Atrás de Portugal ficaram países como a Itália, Israel, Polónia ou Nova Zelândia.

 

Portugal obteve uma pontuação de 0,90 no nível que conjuga possibilidade de sobrevivência e prosperidade, quando a pontuação máxima é 1. Contudo, o máximo atribuído foi 0,95, pontos conquistados por apenas cinco países.

 

 “O objectivo final dos objectivos do desenvolvimento sustentável é garantir que todas as crianças são capazes de se desenvolver e levar vidas felizes e significativas, agora e no futuro”, recorda o relatório divulgado esta terça-feira.

 

O documento divulga ainda um índice da sustentabilidade dos vários países, que tem em conta critérios ambientais, como as emissões de dióxido de carbono, que contribuem para as alterações climáticas.

 

Portugal surge nesta tabela no 129.ª lugar, a par de vários países europeus. Aliás, ao nível das emissões poluentes, os países mais pobres são os que apresentam melhores indicadores, encontrando-se nos primeiros lugares o Burundi, Chade e Somália.

 

O relatório destaca que nenhum dos 180 países analisados apresenta bom desempenho nos três indicadores: desenvolvimento saudável para as crianças, sustentabilidade e equidade.

 

Mais de 124 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo eram obesas em 2016, o que significa 11 vezes mais do que há quatro décadas, segundo o relatório divulgado esta terça-feira pelas Nações Unidas e pela revista The Lancet.

 

O número de crianças e adolescentes obesos aumentou de 11 milhões em todo o mundo em 1975 para 124 milhões em 2016. A exposição das crianças a anúncios e comerciais sobre comida não saudável (junk food) e bebidas açucaradas está associado a escolhas alimentares inadequadas e ao excesso de peso ou obesidade.

 

No que respeita ao contributo do marketing para a obesidade infantil, o relatório sugere que nalguns países as crianças vêem cerca de 30 mil anúncios televisivos num único ano.

 

 “A auto-regulação da indústria falhou”, refere Anthony Costello, um dos autores do documento, elaborado pela Organização Mundial da Saúde, pela UNICEF e pela revista científica The Lancet.

 

Os autores apontam o dedo ao que consideram ser as “práticas exploradoras” do marketing das indústrias, que promove a fast food ou as bebidas açucaradas.

 

Outra das preocupações expressas do documento é a exposição dos menores a publicidade e marketing sobre o consumo de álcool e tabaco.

 

Por exemplo, na Austrália as crianças e adolescentes continuam a ser expostas a mais de 50 milhões de anúncios a bebidas alcoólicas durante um ano durante a transmissão televisiva de desportos como o futebol, o críquete ou o râguebi.

 

Também nos Estados Unidos tem crescido a exposição dos jovens a anúncios sobre cigarros electrónicos ou vaping, um aumento de 250% em dois anos, com a publicidade a alcançar mais de 24 milhões de menores.

In "Público"