A maioria são homens, muito escolarizados e que vivem nas grandes cidades, segundo o relatório “Infeção VIH e SIDA – situação em Portugal em 2019”.
“Temos cerca de 1.000 pessoas em PrEP e queremos chegar a muitas mais”, disse à agência Lusa a diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida e Hepatites Virais, Isabel Aldir, no final da apresentação do relatório elaborado pelo Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Durante a apresentação do documento, Isabel Aldir afirmou que é difícil estimar o número de pessoas que podem beneficiar desta profilaxia, mas tendo como exemplo países como populações semelhantes à portuguesa podem situar-se entre as 10 e as 15 mil pessoas.
Para a médica infeciologista, é preciso chegar a estas pessoas, “minimizando ao máximo as barreiras de acesso a esta medida de prevenção”, que deve ser utilizada em conjunto com outras medidas preventivas como o preservativo masculino e feminino, a troca de seringas.
“A pessoa por estar a fazer o PrEP não pode descurar as outras medidas de prevenção”, além de que esta profilaxia só previne o VIH, não previne outras infeções sexualmente transmissíveis, nem a hepatite crónica.
As consultas da PrEP tem tido uma procura crescente por parte maioritariamente de homens, na terceira década de vida, muito escolarizados, e “em clara situação de risco acrescido de infeção por VIH”, refere o relatório divulgado a propósito do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, assinalado a 1 de dezembro.
Isabel Aldir advertiu à Lusa que há “outras populações que também estão em situação de risco e que ainda não estão a beneficiar desta profilaxia, algumas por desconhecimento ou por não saberem como aceder ou por sentirem algum receio em acorrerem a estas consultas” com o receio que possam ser alvo de estigma ou discriminação, que não é fundamentado, mas que pode ser essa a sua perceção.
A PrEP passou a estar disponível em Portugal em fevereiro de 2018, ano em que começaram as consultas, que estão atualmente disponíveis em todas as regiões do continente, embora com “maior expressão” no litoral do país.
A acessibilidade a esta consulta pode ser efetuada de múltiplas maneiras, incluindo-se a possibilidade de autorreferenciação, por forma a se reduzirem eventuais barreiras. Atualmente, a referenciação é maioritariamente através de organizações de base comunitária, “o que uma vez mais vem reforçar o papel e a importância de um trabalho conjunto, complementar”.
Em 2018, foram distribuídos cerca de cinco milhões de preservativos masculinos, 170 mil preservativos femininos e um 1,3 milhões de seringas.
Foram realizados mais de 50.000 mil testes rápidos para VIH em diversas estruturas de saúde e Organizações Não-Governamentais, registando-se um aumento de cerca de 28% no número de testes realizados, comparativamente ao ano de 2017.
Segundo o relatório, o número de novos casos de infeção por VIH diminuiu 46% e o de novos casos de sida 67%, entre 2008 e 2017, estando estão notificados em Portugal 59.913 casos, dos quais 22.551 atingiram estádio sida.
Até 30 de junho de 2019 foram notificados 973 novos casos de infeção por VIH com diagnóstico durante o ano 2018, o que corresponde a uma taxa de 9,5 novos casos por 100 mil habitantes.
No ano passado, foram notificados 261 óbitos em doentes infetados por VIH, 142 dos quais (54,4%) registaram-se em casos que atingiram estádio SIDA.
Dra. Isabel Aldir
In “Saúde Online”