A Região Autónoma da Madeira adota a partir de agora uma abordagem inovadora para atingir objetivos da OMS 2030, na prevenção do VIH e das hepatites virais, na forma de rastreio e ligação aos cuidados de saúde em todos os serviços da Madeira.

Para tal, coloca no terreno o Programa FOCUS, cuja parceira e respetiva apresentação concretizou-se ontem, nas instalações da Secretaria Regional da saúde.

 

O programa FOCUS é uma iniciativa internacional da 'Gilead Sciences', sendo a Madeira a primeira cidade portuguesa a recebê-la, num programa de saúde pública que tem sido desenvolvido nos Estados Unidos desde 2010, através do qual mais de nove milhões de exames de sangue já foram realizados para o VIH, hepatite B e hepatite C.

 

Um dos focos da Saúde

 

NA RAM, a sua implementação foi possível graças ao acordo de colaboração entre a Secretaria Regional de Saúde e Proteção civil e a 'Gilead Sciences', promotora da iniciativa nos EUA e que financia o projeto em Portugal.

 

Na apresentação, Pedro Ramos registou que na Região “estamos focados no rastreio do vírus da imunodeficiência humana [HIV] e das hepatites virais e hoje é um dia muito especial para o Governo Regional, através da Secretaria Regional da Saúde e na percussão das suas medidas de promoção da Saúde e de prevenção da Doença”.

 

O rastreio vai ser realizado nos centros de saúde e nos hospitais do arquipélago, através da aplicação de inteligência artificial, e, na ocasião, o secretário regional da Saúde relevou que “esta é uma estratégia onde o Governo Regional aposta convictamente e constitui a aposta prioritária numero 1 em matéria de Saúde”.

 

Erradicar até ao ano de 2030

 

Refira-se que este programa é uma resposta às recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre o aumento do rastreio e da UNAIDS que publicou os objetivos 90-90-90 (90% das pessoas com VIH diagnosticadas; destas, 90% em tratamento; e 90% com carga viral indetetável).

 

À plateia, composta por parceiros essenciais desta iniciativa, das mais diversas instituições regionais, Pedro Ramos acentuou que “todos, direta ou indiretamente, vão contribuir para este sucesso que se espera seja atingido, provavelmente pela RAM de uma forma antecipada, em relação ao todo nacional, devido à nossa dimensão e também devido às nossas caraterísticas de laboratório, onde facilmente todas estas estratégias mais facilmente são  implementadas, acompanhadas, monitorizadas, auditadas e debatida”.

 

O secretário da Saúde e Proteção Civil releva que a “Madeira há um ano que abraçou este projeto”, bem como que “todos aqueles pequenos núcleos de intervenção inicial foram já realizados pelos nossos serviços”, destacando, também, que “a formação da parte dos médicos de família também já foi realizada.

 

Tudo para cumprir “o programa da eliminação da hepatite C e o compromisso de cumprirmos com o objetivo traçado para 2030”, ou seja, aquela máxima de '90-90-90'.

 

 

VÍRUS Transmitido através do sangue

 

Luís Jasmins, responsável pelo serviço de gastroenterologia do hospital do Funchal, disse ao JM que os números da hepatite C na Região “estão estáveis, embora nos fluxos de migração possa haver um aumento”. Calcula, “pela estimativa que temos, cerca de 600 doentes. A grande maioria a ser tratada e com sucesso”. Ana Paula Reis, do serviço de doenças infetocontagiosas, viria, na apresentação, a confirmar estes indicadores: a respetiva plataforma tem nesta altura detetados 575 casos, dos quais 446 em tratamento.

 

Luís Jasmins lembra que “enquanto tratamento, aqui há dois ou três anos, eram precisas injeções durante um ano e as pessoas recusavam, agora é apenas um comprimido durante dois meses, sem qualquer efeito secundário”.

 

“Cada tratamento custa cerca de 6.000 euros e consiste num comprimido por dia, durante 60 dias, e fica curado”, lembrando que “o tratamento chegou a custar cerca de 40.000 euros”. Nos grupos de risco, lembra que “é transmitido pelo sangue, através de injeções, mormente em toxicodependentes que se injetam” e que “há um novo grupo de risco, por comportamentos sexuais um pouco menos comuns”.

 

 

 

In “JM-Madeira”