Por isso, a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca divulga hoje um documento europeu que “espelha a urgência” de uma tomada de ação.
‘The Handbook of multidisciplinary and integrated heart failure care’ foi elaborado pela ‘Heart Failure Policy Network’(HFPN), uma rede formada por profissionais de saúde, associações de doentes, agentes políticos e outras entidades de toda a Europa, criada com o intuito de chamar a atenção para a insuficiência cardíaca e as necessidades existentes no diagnóstico, gestão e tratamento desta doença.
O guia, que faz o retrato da insuficiência cardíaca (IC) na Europa, vai ser debatido hoje em Lisboa numa conferência promovida pela ADDIC, que considera ser de “elevada importância” promover uma discussão em torno da urgência de uma gestão eficaz da insuficiência cardíaca em Portugal.
“Queremos fazer deste um momento de viragem na defesa de uma causa que é de todos nós: melhorar a esperança e qualidade de vida de todos os cidadãos”, disse o presidente da associação, Luís Filipe Pereira.
Este evento é “uma oportunidade” de chamar a atenção para esta doença e os participantes, entre os quais a Direção-Geral da Saúde, médicos, deputados da comissão parlamentar da saúde, sociedades científicas, associações de doentes, investigadores, comentarem e analisarem os atuais desafios, soluções e recomendações para o futuro no tratamento da IC.
“É uma doença que poderá ser considerada daqui para frente uma das epidemias, ainda não declaradas, porque neste momento 400.000 pessoas [portugueses] poderão ter insuficiência cardíaca e uma pequena fração é que está consciente disso”, disse Luís Filipe Pereira à agência Lusa, sublinhando que a IC tem uma mortalidade elevada quando diagnosticada tarde.
Contudo, vincou, está “a ganhar cada vez mais notoriedade, no sentido de as pessoas terem consciência dela”.
O guia defende que é preciso diagnosticar cedo e corretamente o tipo de IC e as suas causas para tomar decisões de tratamento eficazes. “É um documento muito útil para que, em Portugal, possamos ter informação que dê às pessoas a possibilidade de estarem avisadas” sobre uma doença que pode ser prevenida com hábitos de vida saudáveis, disse o presidente da associação.
Depois da apresentação deste guia, será elaborado um documento nacional com o objetivo de divulgar informação para “prevenir a insuficiência cardíaca, fazendo-a do conhecimento da população em geral”.
A IC é “uma preocupação europeia”, onde se estima que vá aumentar a sua prevalência. “Em Portugal, pensa-se que até 2030 possa aumentar 50 a 70% e tudo isso são razões para que a nossa associação possa estar envolvida e tenha tido esta iniciativa de trazer informação para a população”, sublinhou.
Um estudo realizado pelo Centro de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, estima que a IC registe um aumento do número de mortes de 73% em 2036, em Portugal continental, em comparação com a mortalidade no ano de 2014.
A projeção para 2036 feita pelos investigadores do estudo prevê ainda que a carga total da doença vai sofrer um aumento de 28% face a 2014, o que se traduz em 16,8 mil anos de vida perdidos por morte prematura e uma perda de 10,3 mil anos devido à incapacidade gerada pela doença.
A IC é uma situação clínica debilitante e potencialmente fatal, em que o coração não consegue bombear sangue suficiente para todo o corpo, sendo os sintomas dificuldade em respirar, pernas inchadas devido a acumulação de líquidos, fadiga intensa, tosse ou pieira, náuseas e aumento de peso devido à acumulação de líquidos.
In “Saúde Online”