É uma das mais recentes inovações na luta contra o cancro. Tecnologicamente falando. Um equipamento de radiocirurgia com um braço robótico que dá a dose máxima ao tumor e protege os tecidos à volta. Chama-se Cyberknife e já está na Península Ibérica.
Todas as armas são preciosas na luta contra o cancro. Seja em termos terapêuticos, seja ao nível tecnológico, falando de maquinaria. Na linha da frente desse combate, tecnologicamente falando, está o equipamento inovador de radiocirurgia Cyberknife que permite tratamentos de radioterapia com uma precisão submilimétrica. Consegue debitar altas doses de radiação de um modo focalizado, onde realmente interessa, e, ao mesmo tempo, minimiza a dose nos tecidos adjacentes, protegendo-os. Tudo isso graças à versatilidade do seu braço robótico que faz incidir feixes de radiação em todas as direções e do software que coordena a posição do robô. Além disso, a posição do tumor é monitorizada de forma contínua ao longo do tratamento através de um sistema de imagem.
“Ao realizar tratamentos mais localizados e precisos permite, por isso, a abordagem de lesões tumorais anteriormente consideradas sem indicação para radioterapia. Podemos mesmo dizer que, atualmente, efetuamos tratamentos que seriam impensáveis serem realizados até há alguns anos”, adianta Maria Adelina Costa, diretora clínica do Departamento de Radioncologia Júlio Teixeira, no Instituto CUF Porto, garantindo que o equipamento tem uma “precisão superior à obtida com radioterapia convencional.”
Este novo tratamento dá a volta às limitações clássicas, como voltar a tratar com radioterapia a mesma localização, bem como à irradiação de lesões próximas a órgãos críticos como, por exemplo, o tronco cerebral, o coração, o fígado e os grandes vasos. “Assim surge uma nova esperança, inclusive para doenças consideradas inoperáveis, ou mesmo, como alternativa à cirurgia em alguns casos, ou em doentes que apresentem contraindicações clínicas para a realização de determinadas cirurgias”, sublinha a especialista.
O procedimento não é invasivo, não necessita de anestesia, e não é necessário internamento
Todos os esforços, todo o suor, todos os avanços, para exterminar um tumor, seja benigno seja maligno, são importantes. O que limita a radioterapia são as reações adversas que podem surgir ao ser ultrapassada a dose de tolerância dos tecidos que se encontram à volta. E os efeitos adversos do tratamento não se devem sobrepor aos efeitos terapêuticos.
O doente não precisa de estar completamente imobilizado, já que as variações de posição em consequência dos movimentos involuntários dos órgãos, ou mesmo do próprio paciente, são monitorizadas e compensadas pelo equipamento. Maria Adelina Costa adianta que “a versatilidade do braço robótico, que permite incidir os feixes de radiação em todas as direções e assim tornar possível minimizar os danos às estruturas sãs, tem como resultado uma menor ocorrência de efeitos secundários, quer agudos quer tardios, quando comparado à radioterapia convencional.”
Regra geral, o tratamento pode ser realizado entre um e cinco dias e em sessões de 20 a 40 minutos
A diretora clínica explica que as principais indicações para a utilização do novo equipamento incluem o cancro do pulmão, especialmente nos casos em que haja insuficiência respiratória que seja uma contraindicação cirúrgica, cancro do pâncreas em doentes que não são candidatos à cirurgia, cancro da próstata localizado, tumores intracranianos e no tratamento da doença metastática, em numerosas localizações, nomeadamente craniana, hepática, óssea e ganglionar.
“Esta modalidade terapêutica tem vindo a adquirir uma importância crescente na estratégia multidisciplinar da abordagem da doença oncológica e mesmo no tratamento de alguns tumores benignos, podendo tratar lesões, qualquer que seja a sua localização anatómica”, realça Maria Adelina Costa.
In “Jornal de Notícias”