Os jovens que passam mais de quatro horas em frente a ecrãs adormecem, em média, 30 minutos mais tarde do que os jovens que permanecem menos uma hora expostos à luz dos aparelhos.
Os problemas de sono nos adolescentes podem ser revertidos em apenas uma semana limitando a utilização à noite de ecrãs emissores de luz como os dos telemóveis, tablets e computadores, defendeu esta segunda-feira a Sociedade Europeia de Endocrinologia.
A relação entre o uso destes equipamentos à noite e o sono dos adolescentes foi alvo de um estudo, que será divulgado em Lyon, França, durante o encontro anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia, e que conclui que demasiada exposição nocturna à luz, especialmente a luz azul emitida pelos ecrãs de smartphones, tablets e computadores, pode afectar o relógio biológico do cérebro e a produção da hormona do sono, melatonina, resultando numa perturbação no tempo e qualidade do sono.
“A falta de sono não só causa sintomas imediatos de cansaço e perda de concentração, mas pode também aumentar o risco de problemas de saúde mais sérios a longo prazo, tais como diabetes, obesidade e doença cardíaca”, sustentou a instituição em comunicado.
Outros estudos sugeriram que a privação do sono relacionada com o tempo de exposição a ecrãs pode afectar mais as crianças e os adolescentes do que os adultos, mas não investigaram a fundo como a exposição na vida real está a afectar o sono dos adolescentes em casa e como pode ser revertido.
O estudo divulgado esta segunda-feira resulta de uma parceria entre o Instituto Holandês de Neurociência, a Universidade Médica de Amesterdão e o Instituto Alemão de Saúde Pública e Ambiente.
Os investigadores estudaram os efeitos da exposição dos adolescentes à luz azul dos ecrãs em casa. Aqueles que ficaram mais de quatro horas por dia à frente do ecrã adormeceram, em média, 30 minutos mais tarde e acordaram mais vezes do que os jovens que permaneceram menos de uma hora expostos àquela fonte de luz, além de outros sintomas de falta de sono.
Dirk Jan Stenvers, do Departamento de Endocrinologia e Metabolismo da Universidade de Amesterdão, afirmou que os adolescentes passam cada vez mais tempo ocupados com os ecrãs e que as queixas relacionadas com o sono são frequentes nesta faixa etária.
“Aqui demonstramos muito simplesmente como essas queixas de sono podem ser facilmente resolvidas, minimizando o uso nocturno de ecrãs emissores de luz azul”, conclui o investigador.
In “Público”