Em Portugal, entre 15 a 20% das pessoas com doença inflamatória intestinal (DII) sofrem de anemia, um problema que “bastante comum”, e que pode ser prevenido.
Hoje, dia 19 de maio, assinala-se o Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino (DII), data que leva a debater esta enfermidade e outras consigo relacionadas, como a anemia, o que leva João Ramos de Deus, gastroenterologista, a alertar para a relação entre a DII e a anemia, que torna mais complicada a vida dos doentes.
“A anemia é uma entidade mórbida e uma das complicações da DII que mais contribui para a perda de qualidade de vida, devido à múltipla sintomatologia provocada, pelo que a sua deteção e correção são muito importantes para a manutenção da qualidade de vida”, explica.
O especialista refer que existem vários “mecanismos que podem levar a anemia na DII”, mas entre os mais frequentes estão o “défice de absorção de ferro, vitamina B12 e ácido fólico, na sequência da ação inibidora sobre a medula óssea, que tem a ver com a própria inflamação intestinal e devido às perdas crónicas de sangue pelo tubo digestivo”.
Ana Sampaio, presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI), acrescenta que “tanto a colite ulcerosa como a doença de Crohn comprometem a capacidade de absorção intestinal nos momentos de crise”. Por esse motivo, o corpo não absorve todos os nutrientes e minerais dos alimentos ingeridos, resultando numa “anemia proveniente da falta de ferro”. A esta situação junta-se a perda de sangue, mais frequente na colite ulcerosa, mas também presente na doença de Crohn, o que impactam ainda mais a vida dos doentes.
“Estas doenças já se caracterizam por condicionar a vida das pessoas obrigando a idas frequentes à casa de banho e causando dor abdominal. A anemia condiciona ainda mais, ao retirar energia. Os doentes não conseguem fazer tarefas simples do dia a dia, como estender a roupa ou subir uma rua mais íngreme. O cansaço é constante”, refere a presidente da APDI.
Apesar de o tratamento da DII e da vigilância periódica fazerem muita diferença e serem formas de prevenção, Ana Sampaio alerta para a necessidade de uma maior sensibilização.
“Muitas vezes, quando o doente comenta com o médico que está cansado, este pode desvalorizar, uma vez que o cansaço é comum, sobretudo nos dias agitados de hoje. Mas este é um cansaço diferente, que se manifesta até nas pequenas circunstâncias e nem sempre é fácil transmitir essa ideia. É preciso que haja mais conversa entre doente e médico, mas é preciso também uma maior valorização por parte do médico”, conclui.
Neste dia, a APDI vai assinalar a data com um concerto, às 15h00, no Largo do Intendente, em Lisboa, aderindo ainda à campanha que visa tornar o invisível visível, através da iluminação, a roxo, dos monumentos de várias capitais de distrito do País.
Erica Quaresma
In “Saúde Online”