Isolamento dos serviços em risco impediu o aparecimento de contaminações

 

Depois dos rastreios para a bactéria multirresistente terem dado negativo, foi levantada, na quinta-feira, a quarentena dos pisos isolados durante 10 dias.

Terminou a quarentena no Hospital Dr. Nélio Mendonça, decretada na sequência do aparecimento de uma doente infetada com a bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), a 21 de janeiro, e que, por ter estado internada nos serviços de Ortopedia e de Nefrologia, nos pisos 8.º (poente) e 6.º (nascente), obrigou ao fecho parcial desses andares. Na altura, estavam internados 51 doentes nos respetivos serviços, dos quais 23 foram submetidos a rastreio e isolamento. “Todos os rastreios foram negativos para KPC”, adiantou, ontem, Margarida Câmara, coordenadora do Programa de Prevenção T e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA). Por isso, na quinta-feira, dia 31 de janeiro, pelas 23h00, foram suspensas as medidas de isolamento de contacto, “voltando os serviços envolvidos à sua rotina habitual”. Ontem, em conferência de imprensa, Margarida Câmara afirmou que “se não fossem implementadas e cumpridas escrupulosamente as medidas de isolamento de contacto, este único caso poderia ter levado ao aparecimento de vários casos, com consequências muito nefastas para os utentes, profissionais de saúde e também para o próprio SESARAM”, apelando, neste sentido, aos “cidadãos em geral” para terem consciência “do problema atual” que representa o aumento da resistência das bactérias aos antibióticos.

 

DOENTE TERÁ RECEBIDO ONTEM ALTA

 

A paciente, cuja alta hospital estava prevista para ontem, tem historial de internamento prolongado em diferentes unidades hospitalares fora da Madeira devido a patologia crónica imunodeprimida. Na sequência da investigação desencadeada, foi apurado que a paciente em causa tinha estado internada em 2018 numa instituição de saúde do continente, na região da grande Lisboa, onde foi identificada a bactéria KPC.

 

Por isso, “trata-se de um caso importado e não de uma resistência adquirida na nossa instituição”, salientou Margarida Câmara.

 

APELO À TROCA DE INFORMAÇÃO

 

A coordenadora do PPCIRA advertiu ainda para a necessidade dos utentes e unidades de saúde alertarem sempre que um paciente seja diagnosticado com uma bactéria multirresistente. “É fundamental que os utentes transmitam a informação às instituições de saúde”, no caso de ter tido uma infeção por esta bactéria, e que “haja uma comunicação muito transparente entre instituições de saúde”, defendeu a responsável. A KPC é uma bactéria que existe no intestino dos humanos e outros animais, que se transmite por contacto e que habitualmente adquire resistência por mutação genética, adquirindo capacidade para destruir uma determinada classe de antibióticos de uso restrito hospitalar.

 

Dado o seu perfil de resistência, “torna-se muito difícil e, por vezes, impossível o tratamento por ausência de antibióticos sensíveis a estas bactérias”, indicou a médica. A presença da Klebsiella pneumoniae carbapenemase tem vindo a aumentar em Portugal, mas também no sudoeste da Europa e nos países balcânicos, bem como no Bangladesh, China, Índia e Japão.

 

Alberto Pita

 

In “JM-Madeira”