A Direção-geral da Saúde (DGS) anunciou hoje a constituição de um grupo de trabalho para estudar a mortalidade infantil como uma das melhores demonstrações da evolução qualitativa dos cuidados de saúde e das condições socioeconómicas em Portugal.
“Com o intuito de melhor estudar a mortalidade infantil e as suas componentes, foi constituído um grupo de trabalho que junta peritos internos e externos”, afirma a DGS em comunicado.
Uma fonte da Direção-geral da Saúde adiantou à Lusa que o grupo de trabalho irá analisar mais profundamente os dados da mortalidade infantil dos últimos anos.
Os resultados deste estudo irão ser apreciados por um segundo grupo de especialistas, antes da sua divulgação, refere a DGS, que gere o Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO), que permite fazer a vigilância epidemiológica da mortalidade em Portugal.
“Esta vigilância é complementada, periodicamente, por estudos mais abrangentes e aprofundados no sentido de clarificar o fenómeno e seus determinantes”, explica, adiantando que esta missão se insere na sua missão de “informar, com rigor e transparência, a bem da saúde dos portugueses.
Apesar de ainda não ter todas as causas apuradas nem dados definitivos, os dados provisórios da DGS apontam para uma taxa de mortalidade infantil (até ao primeiro ano de vida) de 3,28 óbitos por cada mil nados-vivos em 2018, valores considerados dentro da normalidade pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, apesar de estar acima do verificado em 2017.
Em declarações recentes, Graça Freitas adiantou que 194 dos 289 óbitos infantis registados em 2018 ocorreram na fase neonatal, ou seja, até aos 28 dias de vida.
Dessas 194 mortes neonatais, 100 tinham sido bebés prematuros de gestações com menos de 28 semanas, que são considerados os “grandes prematuros” e apresentam maior risco de mortalidade e de complicações associadas.
Os dados relativos à taxa da mortalidade infantil de 2018 são ainda provisórios, porque a autoridade de saúde aguarda o número de nascimentos apurado pelo Instituto Nacional de Estatística.
Contudo, Graça Freitas indica que não se deve fazer uma comparação dos dados de 2018 apenas com o ano anterior, até porque 2017 foi um ano com mortalidade infantil “anormalmente baixa”.
“O número de mortes está dentro do que é expectável para o nosso país, de acordo com a nossa linha de base. [Em 2018] é uma taxa dentro da variação habitual da mortalidade infantil, estando dentro do que é esperado”, afirmou.
Para ilustrar esta análise, a diretora-geral da Saúde comparou número brutos de mortalidade entre 2016 e 2018. Em 2016 morreram em Portugal 283 crianças até ao primeiro ano de vida e em 2018 morreram 289.
Assim, comparando o ano de 2016 com 2018, no ano passado terá havido um acréscimo de seis mortes em crianças até ao um ano, num universo estimado de 88 mil nascimentos.
In “Saúde Online”