Com base nas estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativas ao envelhecimento da população e em articulação com os dados do mais recente Observatório Nacional da Diabetes (OND) – considerando as pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos –, o diretor do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo da Diabetes (PNPCD) da Direção-Geral da Saúde (DGS), José Manuel Boavida, avança que “13,1% da população portuguesa sofre de diabetes”, o que corresponde a um aumento de 1,8% face a 2009.

Destes 13,1%, 7,4% corresponde à prevalência da diabetes diagnosticada e 5,7% corresponde à prevalência da diabetes não diagnosticada, sublinha o especialista, assinalando ainda a tendência crescente da diabetes tipo 2 na sociedade portuguesa.

 

A incidência da diabetes aumenta com o avançar da idade, sendo que “acima dos 60 anos, 27% da população tem diabetes”, aponta José Manuel Boavida, com a prevalência a ser maior no sexo masculino (30,4%) do que no sexo feminino (24,3%). Igualmente significativa é a relação entre diabetes e o índice de massa corporal (IMC): calcula-se que aproximadamente 90% com diabetes tenha excesso de peso (49,2%) ou obesidade (39,6%), sendo que a prevalência de diabetes nas pessoas obesas (com um IMC igual ou superior a 30) é cerca de quatro vezes superior – 20,7% – à estimada em pessoas com um IMC normal (inferior a 25) – 5,9%.

 

A preocupação dos especialistas recai, atualmente, sobre outro aspeto: a pré-diabetes. Segundo o diretor do PNPCD, “para além da população com diabetes, estimada em um milhão de portugueses, há ainda 2,1 milhões – 27,2% da população portuguesa – sobre os quais temos que intervir, se queremos conter o tsunami configurado pela pré-diabetes”.

 

Assim, no conjunto, 40,3% da população portuguesa tem diabetes ou pré-diabetes (também designada como hiperglicemia intermédia) – o que corresponde a um total de 3,1 milhões de pessoas.

 

Atualmente registam-se cerca de 60 mil novos casos de diabetes por ano e, “se nada for feito, e caso as tendências de aumento da obesidade não sejam contrariadas, poder-se-á facilmente atingir os 180 mil novos casos por ano”, alerta José Manuel Boavida, justificando: “o que os estudos internacionais mostram é que se conseguirmos travar a obesidade e interferir ao nível da prevenção, atuando junto dos 2,1 milhões de pessoas em situação pré-diabética, será possível estabilizar a doença nos valores atuais. Ou seja, no melhor dos cenários, é a manutenção dos atuais números de diabéticos”

 

José Manuel Boavida

 

Presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal

 

In “Saúde Online”