A ministra da Saúde, Marta Temido, disse nesta terça-feira que o facto de o foco da infecção por VIH estar a passar de um determinado grupo populacional para outro vai obrigar o Governo a adaptar as respostas actuais.
O facto de "o foco [da doença] estar a passar de uma determinada população para outra tipologia populacional leva-nos a adaptar as respostas e a focar a atenção naquilo que está a ser a evolução e transmissão da doença [VIH] para outros grupos populacionais", referiu a governante à margem de uma visita ao Centro de Reabilitação do Norte, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
Mais de mil novos casos de infecção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o que teve taxa mais elevada de novos diagnósticos. Segundo o relatório Infecção VIH e sida relativo a 2017, que vai ser apresentado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge nesta terça-feira, no ano passado houve 1068 novos diagnósticos de VIH, o que corresponde a uma taxa de 10,4 novos casos por 100 mil habitantes.
Já a percentagem de novos casos de infecção por VIH em consumidores de drogas injectadas atingiu, no ano passado, um mínimo histórico, com os casos de transmissão sexual em heterossexuais a serem os mais dominantes, sustenta.
Marta Temido adiantou que a Direcção-Geral da Saúde está a trabalhar "em permanência" nesta questão, frisando que o aumento de casos é um "sinal negativo" que é necessário inverter.
"À medida que a própria evolução da terapêutica da doença foi acontecendo levou a que algumas preocupações com a mesma pudessem abrandar e, portanto, pudemos também imaginar que nalgumas camadas populacionais esse menor cuidado pudesse acontecer, levando a um retardamento da sua identificação", vincou.
Apesar do "sinal negativo" que é aparecimento de novos casos de infecção por VIH, a ministra salientou as "boas notícias", nomeadamente a redução da doença em consumidores de injectáveis.
"Esta é uma boa notícia. E demonstra que quando acertamos o foco em determinada situação alcançamos resultados positivos, contudo, temos de estar atentos a sinais menos positivos", ressalvou.
In “Público”