Um assunto que é discutido diariamente junto dos especialistas
As novas tecnologias, que passaram a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, têm sido muito discutida sem revistas científicas sobre comportamentos aditivos. Apesar deste fenómeno ser diariamente debatido por especialistas, José Manuel Borges, psicólogo, disse que ainda é cedo para avaliar o seu impacto na saúde da população.
«Tanto quanto sei, até ao momento, não há ainda nada de conclusivo. É natural que se tenha de esperar largos anos para a avaliar eficazmente o impacto das novas tecnologias na saúde psicológica das pessoas», referiu.
O psicólogo afirmou, por seu turno, que o abuso ou uso nocivo das novas tecnologias de informação estão implicados em fenómenos comportamentais relativamente recentes na nossa sociedade e ainda algo incompreendidos. Além disso, e conforme fez questão de frisar, são raros, altamente complexos e estão em constante mudança, oque impossibilita a sua previsão.
«Por outro lado, confundem-se com outras perturbações psicológicas, no sentido em que podem ser a consequência e não a causa. Por exemplo, o uso excessivo da televisão ou da Internet pode dever-se a sintomas moderados de anedonia (perda de interesse pela generalidade das atividades) decorrentes de estados de humor depressivo, ou à avolição (ausência de motivação) resultante de uma perturbação psicótica. Pode dever-se também a comportamentos de evitamento decorrentes de uma Perturbação de Ansiedade Generalizada ou Social, ou à Agorafobia (medo mórbido de frequentar lugares fora de casa) e, até mesmo, à Perturbação de Stress Pós-Traumático», explicou.
Baseando-se em dados referentes a 2009, mais de 80% dos jovens de 16 anos usava regularmente a Internet, mas mais de 50% dos adultos de 40 anos também faziam uso deste fenómeno que veio mudar o mundo.
«É uma diferença de apenas trinta por cento. Numa perspetiva científica, tenho zero dados sobre o assunto. Posso somente hipotetizar, com base nestas estatísticas gerais, que o fosso digital entre pais jovens e filhos adolescentes deve estar a estreitar-se. Dito isto, a supervisão parental relativamente ao uso das novas tecnologias por parte das crianças e jovens seria desejável, mas não tenho tanta ambição. Contentar-me-ia com um melhor exemplo por parte dos adultos. Isso já seria um bom começo», opinou.
Tendo em conta que a Internet é a primeira coisa que a maior parte das crianças e jovens faz quando chega a casa depois determinar o período diário das aulas, José Manuel Borges revelou que existe um fenómeno psicológico chamado “Força do Eu” e que é referente à forma como a mente funciona (como um músculo).
«Assim, quando as pessoas estão mentalmente esgotadas, têm menos força para resistir às tentações e tornam-se mais impulsivas, comendo mais alimentos gordurosos/açucarados e cedendo a envolver-se em atividades mais sedentárias e que requeiram menos atividade psíquica, como a televisão e a Internet. Aqui, mais uma vez, o abuso da visualização de conteúdos, se existir, é muito provavelmente uma consequência e não a causa», concluiu.
Fonte: Jornal da Madeira