Certamente já ouviu esta expressão vezes sem conta e talvez não lhe tenha dado a devida importância. Dê desta vez!
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. A cada hora, três portugueses sofrem um AVC; um deles não sobreviverá a este evento, um ficará com sequelas graves e o outro sobreviverá sem sequelas ou com sequelas menores. Estes números refletem não só a gravidade desta patologia, mas também o enorme impacto socioeconómico.
O AVC é uma doença de início súbito caracterizada pela interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro, que pode ser causado por bloqueio ou rompimento de uma artéria. Esta patologia pode classificar-se de duas formas: AVC Isquémico, se existir bloqueio de uma artéria cerebral, ou AVC hemorrágico, tipo menos frequente, se existir rompimento da artéria com derrame de sangue no tecido cerebral.
Cada área do cérebro é responsável por determinadas funções específicas. Assim, dependendo da área que é afetada, os sintomas de AVC serão diferentes. De uma forma geral, e mais frequente, os sintomas que são mais importantes e que todos devemos conhecer são: Desvio da Face (“Boca ao lado”), Dificuldade em Falar e falta de Força num braço ou perna. Estes são os sinais, conhecidos como 3 F´s, que devem levar qualquer pessoa a suspeitar que possa estar perante um caso de AVC.
Sabemos que quanto menor for o tempo desde o início dos sintomas até à chegada ao hospital, maior a probabilidade de tratamento rápido e adequado. Apesar de podermos pensar que o melhor para ajudar o doente é levá-lo ao hospital por meios próprios, o importante é que seja contactado de imediato o 112 para uma adequada orientação. Caso seja confirmada a hipótese de AVC pelos profissionais do INEM, é ativada Via Verde de AVC e o doente é transportado para um centro de referência no diagnóstico e tratamento rápido e eficaz, aumentando assim a probabilidade de recuperação dos défices neurológicos. Existem tratamentos específicos que têm como objetivo restabelecer o fornecimento de sangue às células cerebrais que ainda não morreram, mas o seu uso e indicações devem ser criteriosamente avaliadas pelos profissionais de saúde. O AVC é uma emergência médica e deve ser abordado como tal.
Os fatores de risco para o AVC, ou seja, condições que aumentam a probabilidade de ocorrência da doença, podem dividir-se em “não modificáveis” e “modificáveis”. Os chamados “não modificáveis” são aqueles em que não podemos intervir, como o caso da idade, sexo, raça ou condições genéticas. A nossa intervenção passa então por tentar alterar, mediante controlo e tratamento, os ditos fatores de risco “modificáveis”, de forma a poder assim diminuir a probabilidade de um AVC ocorrer. São eles: hipertensão arterial (o mais importante), diabetes mellitus, fibrilhação auricular, obesidade, stress, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e não praticar exercício físico. Em Portugal, o elevado número de casos de AVC tem sido relacionado com a elevada prevalência de hipertensão arterial, sobretudo a não diagnosticada ou não controlada, também ela associado ao consumo excessivo de sal.
Se adotarmos um estilo de vida mais saudável e, se na presença dos ditos factores de riscos modificáveis, tivermos um controlo e tratamento adequados, é possível reduzir a probabilidade de ocorrência de um AVC.
A melhor forma de evitar o aparecimento desta patologia é a prevenção.
Não se esqueça, “Tempo é cérebro!”.
Dê uma oportunidade à (sua) vida.
Ana Miranda - Médica Internista
In “Saúde Online”