‘Jornada de Medicina Interna e de Infeciologia’ alerta

 

O alerta é de José Neves, responsável pelo departamento de controlo da resistência às infeções do Hospital de Vila Franca de Xira José Neves, e dirige-se à população e aos médicos, a quem pede a prática de “uma medicina de melhor qualidade”. O especialista cita um estudo realizado em Inglaterra, segundo o qual vão morrer, em 2050, 10 milhões de pessoas por ano por infeção de bactérias multirresistentes.

 

 

“Se continuar por este caminho, vai morrer uma pessoa a cada dez segundos e serão 10 milhões, o que é o equivalente a toda a população de Portugal a morrer no ano 2050, ao nível mundial”, alertou, ontem, José Neves, durante a ‘Jornada de Medicina Interna e de Infeciologia’ que decorreu no Funchal.

 

“Com a atual prática da medicina mundial, vamos chegar a uma fase, a curto prazo, em que deixaremos de ter antibióticos e antimicrobianos para tratar as infeções porque estamos a desbaratar completamente por mau uso, porque se hipermedica os doentes muitas vezes sem necessidade”, criticou.

 

A utilização abusiva de antibióticos está a criar resistências nos microrganismos, José Neves dá como exemplo do uso destes medicamentos na pediatria e nos cuidados intensivos. “Estudos europeus, demonstraram que 70% dos antibióticos prescritos nos cuidados intensivos não tinham fundamento para serem prescritos”, referiu ainda.

 

Para José Neves, este é o maior desafio da medicinal atual, pelo que a sensibilização de médicos e pacientes é crucial. Apesar de tudo, diz, Portugal tem vindo a melhorar nos últimos anos e a Madeira, em particular, tem evoluído positivamente na redução de infeções e no controle da prescrição de antibióticos.

 

No Hospital Dr. Nélio Mendonça as infeções hospitalares têm vindo a reduzir nos últimos anos, embora haja um longo caminho a percorrer, garantiu também a diretora de serviço de Medicina Interna do SESARAM. Maria da Luz Brazão destacou, ontem, a importância da ‘Jornada de Medicina Interna e de Infeciologia’ para a atualização de competências técnicas e não técnicas e do conhecimento em toda a área da medicina interna. “Nos primeiros dias, tivemos cursos onde podemos treinar algumas competências, nomeadamente como abordar um doente com insuficiência cardíaca, com gorduras no sangue”, explicou.

 

 

 

In “JM-Madeira”