Controlar a diabetes é fundamental para prevenir doenças cardiovasculares, evitar enfartes e AVC. Atenção à dor no peito e à sensação de cansaço. É importante ter uma vida saudável com exercício físico e alimentação equilibrada.
Está tudo ligado. Tudo interligado. O que corre nas veias pode provocar danos internos em vários órgãos do corpo. Por isso, muita atenção. A diabetes, nomeadamente a diabetes do tipo 2, que constitui mais de 90% dos casos de diabetes no adulto, é um fator de risco para o desenvolvimento de doença vascular, nomeadamente a doença cardiovascular como angina de peito ou enfarte do miocárdio. É também um perigo para a insuficiência cardíaca e para os acidentes vasculares cerebrais, os AVC.
A diabetes, além dos níveis elevados de açúcar no sangue, carrega consigo fatores de risco cardiovascular, nomeadamente colesterol elevado e hipertensão arterial. “A doença vascular aterosclerótica é mais frequente e quase sempre mais grave nas pessoas com diabetes do que nas não diabéticas e também contribui para o aumento de risco de amputações dos membros inferiores”, adianta Rui Duarte, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD).
Controlar e prevenir a diabetes é tratar bem o coração. Até porque a doença cardiovascular é a principal causa de mortalidade dos diabéticos. “Sabe-se que cerca de 2/3 das pessoas que sofrem eventos coronários agudos (por exemplo, enfartes do miocárdio) têm alguma forma de diabetes ou de pré-diabetes (níveis de glicemia já acima do normal). Tratar bem a diabetes é, assim e também, diminuir a incidência da doença cardiovascular”, sublinha o responsável.
Quais os sintomas que o corpo dá quando a diabetes tem um impacto a nível cardiovascular? É fácil detetar? Os sintomas podem surgir apenas quando ocorre um enfarte do miocárdio, uma dor aguda e forte no peito, ou um AVC. “É necessário estar atento a queixas prévias, ainda que menos específicas como a sensação de cansaço ou dor no peito à medida que se realizam esforços. É importante haver uma revisão cardiológica periódica por parte do médico assistente, pois existem vários exames que podem ser realizados e que podem detetar a doença antes de esta provocar danos”, diz Rui Duarte.
Sensação de cansaço e dor no peito quando se fazem esforços são sinais que merecem a máxima atenção.
Homens e mulheres devem estar de olhos bem abertos, tratar e prevenir implica um estilo de vida saudável com hábitos alimentares corretos e atividade física regular. Tal como não fumar e controlar outros fatores de risco, nomeadamente o colesterol e a hipertensão arterial.
“O tratamento medicamentoso da diabetes deve privilegiar fármacos que tenham demonstrado trazer benefícios adicionais a nível cardiovascular para além do controlo da glicemia”, refere o presidente da SPD. Na proposta de atualização das recomendações para o tratamento da hiperglicemia na diabetes tipo 2, que a SPD acaba de publicar, alerta-se para a importância de recorrer aos fármacos de nova geração que tratam a hiperglicemia e têm efeitos comprovados na redução do risco cardiovascular e de mortalidade.
“Se a pessoa com diabetes tipo 2 tem um risco cardiovascular elevado ou já sofreu um evento cardiovascular, é má prática olhar só para a sua hiperglicemia sem apostar nos novos fármacos para beneficiar também a sua saúde cardiovascular”, sustenta.
In “Jornal de Notícias”