No âmbito do Dia Internacional da Saúde Mental, assinalado esta quarta-feira, 10 de outubro, Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), apresenta um estudo sobre o perfil dos doentes com psicose em Portugal.

 

 

Em comunicado, Marques Teixeira, Presidente da SPPSM explica que “o principal objetivo do estudo é termos um conhecimento real e concreto do problema nacional neste tipo de doentes e deste modo contribuirmos para o desenvolvimento de políticas e programas que sejam baseados na evidência”.

 

 “Condições Sócio Clínicas dos doentes psicóticos da evolução prolongada em Portugal” é um estudo coordenado pelo o Prof. Dr. João Marques-Teixeira e que procurou avaliar a situação clínica e socioeconómica dos doentes.

 

Entre as principais conclusões do estudo, sabe-se que a maioria é solteiro (74,6%), um terço dos participantes habita numa residência protegida ou está internado numa instituição de saúde mental e apenas 29.9% dos indivíduos dizem usufruir de Apoios Sociais.

 

Relativamente às habilitação literárias, apenas 12,7% dos inquiridos tem formação superior, 29,9% completou o ensino secundário e 4,5% dos doentes não sabe ler ou escrever. No que toca à situação profissional, a maioria dos participantes encontra-se Reformado por Invalidez e mais de 21% está desempregado.

 

Sabe-se ainda 80,6% dos doentes participa em atividades ocupacionais, 17,2% dos doentes está envolvido em algum tipo de organização e 48,5% refere ter parte ativa na vida política, expressa pelo exercício do direito de voto.

 

No âmbito clínico, cerca de 38% esteve internado nos últimos dois anos, sendo que a maior parte dos doentes refere que se encontra estável (sem recaídas) há mais de um ano (56,7%). Para além da doença psiquiátrica, quase 39% dos participantes afirma sofrer de outras patologias, como a depressão (10,4%) e a obesidade (9,7%).

 

A maior parte dos doentes (48,5%) considera que o seu estado de saúde atual é razoável, ainda que a perceção dos cuidadores seja mais negativa que a dos doentes: 26,1% das respostas dos cuidadores indicam um estado de saúde ‘Fraco’.

 

Relativamente à medicação, a grande maioria dos doentes compra todos os medicamentos prescritos. O valor médio gasto na compra dos medicamentos prescritos é bastante variável e 28% dos doentes não sabe quanto gasta com a medicação.

 

 “Custo e Carga da Esquizofrenia em Portugal” foi um trabalho desenvolvido pelo Prof. Miguel Gouveia  em colaboração com outros cinco investigadores do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e do Centro de Estudos Aplicados da Catolica Lisbon School of Business and Economics, tomando como base os dados das estatísticas demográficas e de saúde disponíveis para 2015.

 

A partir desta pesquisa concluiu-se que a esquizofrenia, à semelhança de outras doenças de foro mental, carece de informação e dados epidemiológicos em Portugal, sendo que é uma das áreas onde as melhorias no conhecimento podem ser muito relevantes para a gestão do sistema de saúde e melhorar políticas e a utilização de recursos, refere o estudo.

 

Em números, estima-se que em Portugal existem quase 50 mil doentes com esquizofrenia e que pouco mais de 40 mil estarão a ser seguidos pelo sistema de sáude.

 

No que diz respeito a carga da doença, para 2015, estima-se que se tenham perdido 24.547 anos de vida por incapacidade por esquizofrenia. Quanto à carga gerada pela mortalidade, foram atribuídas 403 mortes à esquizofrenia, resultando num total de 4.041 anos perdidos por morte prematura.

 

Relativamente aos custos da doença, em 2015, o total estimado de custos diretos da esquizofrenia é de €96,1 milhões. Aos custos diretos, acrescentam-se temos a adicionar os custos indiretos gerados pelos doentes (absentismo, não participação no mercado de trabalho, produtividade reduzida), e pelos cuidadores, respetivamente, €331,0 milhões e €9,3 milhões.

 

In “Saúde Online”