Classe profissional da área da Saúde é cada vez mais necessária sobretudo devido ao envelhecimento da população
Utentes e classe médica estão cada vez mais consciencializados da importância da fisioterapia na recuperação do doente.
A fisioterapia é uma profissão na área da Saúde que se assume cada vez mais importante, não apenas por termos uma população cada vez mais idosa, com necessidades de melhoria da sua capacidade física, mas também porque intervém em todas as áreas, inclusive na pediatria.
O SESARAM dispõe de 62 profissionais, distribuídos pelo Hospital dr. Nélio Mendonça (26), pelo Hospital dr. João de Almada e nos centros de saúde da Região. Há ainda um serviço prestado na visita domiciliária no concelho do Funchal. Iva Gonçalves, subcoordenadora do Serviço de Fisioterapia do SESARAM, admite que o número não é suficiente e que há lista de espera [no hospital] e em quase todos os concelhos. Mas explica que o problema é geral. Não é único da Região. “Precisávamos de mais colegas. Há um concelho que não tem fisioterapia: o de Câmara de Lobos”, afirma Iva Gonçalves. Sem precisar números de utentes que esperam, no hospital, por fazer fisioterapia, adianta que a tendência é haver cada vez maior procura do fisioterapeuta, pelo que a lista aumenta.
A população, cada vez mais idosa, precisa da ajuda da fisioterapia, que minimiza algumas incapacidades. A grande intervenção dos fisioterapeutas tem a ver com a neurologia (AVC) e músculo-esquelética. Iva Gonçalves diz que há muitas incapacidades por causa de dores de coluna, provocadas pelo peso no trabalho. A ortopedia, com acidentados, tem também muitos doentes na fisioterapia.
Os utentes que fazem fisioterapia apercebem-se da diferença que o tratamento faz na sua incapacidade e reconhecem os profissionais. Mas os médicos, conforme adianta, também reconhecem esta necessidade, sendo cada vez maior o número de especialistas que encaminha os seus doentes para a fisioterapia.
Os fisioterapeutas lidam, diariamente, e sobretudo em termos hospitalares, com casos muito dramáticos. Há jovens vítimas de acidentes
que ficam jogados numa cadeira de rodas. Há situações cuja evolução é positiva. Há outros casos em que o fisioterapeuta não consegue que o doente evolua. Há doentes a fazer fisioterapia para a vida toda. Lidar com estas situações não é fácil, conforme admite Iva Gonçalves. “Levamos, por vezes, esses problemas para casa. Vamos gerindo”, desabafa esta profissional na véspera do dia que hoje se assinala. Ou seja, por vezes, ”é dramático ver chegar às nossas mãos um paraplégico e não conseguir que ele evolua...”, prossegue.
Iva Gonçalves, que falou ontem ao JM à margem de uma iniciativa que decorreu no Centro Comunitário do Funchal [vide texto em baixo], realça que um fisioterapeuta atua através da análise e avaliação do movimento e da postura. Educa. Aconselha. Ensina. Previne. Ajuda. Trata. Facilita. Reeduca. Habilita. Reabilita e Reinsere. Tudo isto faz com que a profissão necessite ser cada vez mais reconhecida e a subcoordenadora do serviço no SESARAM não tem dúvidas de que isso está a acontecer.
A carreira dos fisioterapeutas está a ser estruturada ao nível nacional e os profissionais não concordam com as discrepâncias que o Governo da República está a pretender implementar. Esta classe passa por um processo de mudança e Iva Gonçalves diz-se preocupada por não saber se o Executivo de António Costa saberá aplicar as medidas justas para a classe.
Centro Comunitário ouviu profissionais
Os fisioterapeutas do SESARAM realizaram, ontem, uma sessão de esclarecimento para os utentes do Centro Comunitário do Funchal, numa iniciativa que registou a presença de Tomásia Alves, presidente do conselho diretivo do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, e de Madalena Nunes, vereadora na Câmara Municipal do Funchal. Estas duas entidades e outras juntaram-se às comemorações do Dia Mundial da Fisioterapia - que se assinala hoje - para junto dos menos jovens dar a conhecer os principais benefícios da fisioterapia, da atividade, do movimento.
'A fisioterapia e saúde mental' foi o tema desta iniciativa que juntou dezenas de utentes, os quais tiveram oportunidade de realizar alguns exercícios físicos, assim como de desfrutar de alguns conselhos
Carla Ribeiro
In “JM-Madeira”