Estudo feito na população inglesa. Investigadores dizem que são necessárias políticas públicas que previnam a adopção destes hábitos entre os jovens.
O álcool e o tabaco provocam rapidamente consequências na saúde dos jovens, mostra um estudo que avaliou o impacto do consumo de álcool e de tabaco em adolescentes britânicos e verificou que aos 17 anos já apresentam danos nas artérias. Os investigadores que realizaram o estudo alertam para a necessidade de criação de políticas públicas que previnam a adopção destes hábitos entre aquela camada da população, de forma a preservar ou restaurar a sua saúde arterial.
Não é preciso ter estes dois hábitos em conjunto para que se notem efeitos na saúde arterial. Fumar na juventude, mesmo que seja pouco, está associado ao aumento da “rigidez arterial”. Por outro lado, a intensidade do consumo de álcool tem um “impacto mais significativo” do que a frequência com que se bebe.
Mesmo assim, a pesquisa feita por Marietta Charakida, da University College de Londres, e outros investigadores, mostrou que se os jovens pararem de fumar e beber, a sua saúde arterial volta ao normal. Os resultados foram publicados na revista científica European Heart Journal na terça-feira.
Para chegar a estas conclusões foram inquiridos 1266 adolescentes, no período de 2004 e 2008, que aos 13, 15 e 17 anos responderam a questionários sobre os seus hábitos de consumo de álcool e tabaco. Todos fazem parte de um estudo longitudinal que segue 14.500 famílias da zona de Bristol no Reino Unido, o Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC).
Os adolescentes no grupo dos que mais fumam tiveram um aumento de 3,7% no endurecimento das artérias — esta avaliação foi feita através da medição da velocidade da onda de pulso, um indicador da rigidez arterial, aos jovens de 17 anos — em comparação com aqueles que estão entre os que fumam com menos intensidade. Quanto aos jovens que bebem compulsivamente (aqueles que, quando bebem, consomem mais de dez bebidas) houve um aumento de 4,7% no endurecimento das suas artérias em comparação com os que bebem menos.
Se os dados se referem a informação com mais de dez anos, porquê só publicá-la agora? Uma das autoras do estudo, Marietta Charakida, explica ao PÚBLICO que “no caso dos estudos longitudinais, há sempre um atraso na comunicação dos resultados e na abordagem de todas as questões possíveis”.
Mas isso não invalida que os dados sejam utilizados para analisar os hábitos dos jovens de hoje. “Acho que os resultados são muito aplicáveis aos nossos dias e podem fornecer uma mensagem significativa de saúde pública para os adolescentes que fumam e bebem.”
RITA MARQUES COSTA
In “Público”