J. Júlio Castro Fernandes

Muito recentemente, ouvimos o Secretário Regional da Saúde dizer da intenção de iniciar práticas de benchmarking na Saúde regional. Embora a palavra não seja, atualmente, de todo desconhecida desde que em meados da década de setenta do século XX foi introduzida na linguagem dos negócios pela XEROX tendo o conceito ganhado proeminência na literatura especializada desde então, será útil falarmos um pouco sobre o tema.

 

A palavra inglesa benchmarking não tem uma tradução literal em português pelo que se continua a utilizar na língua original. Pode, no entanto, definir-se o conceito como “A contínua análise de estratégias, funções, processos, produtos ou serviços, performance, etc. comparando internamente ou externamente com as organizações de topo, obtendo informação sobre o método apropriado de recolha de dados, com a intenção de obter a informação sobre o standard actual, de forma a atingir uma melhoria através da implementação de alterações que resultarão na obtenção do valor máximo ou mesmo excedendo o benchmark “ (G. Anand e Rambabu 2008).

 

Na saúde é definido por Mosel D e Gift B (1994) como: “Disciplina colaborativa e contínua de medição e comparação de resultados de processos chave realizados pelos melhores performers. É aprender como adaptar estas melhores práticas, para atingir melhorias nos processos e criar comunidades mais saudáveis.”

 

A essência desse instrumento de gestão parte do princípio de que nenhuma organização é a melhor em tudo o que implica reconhecer que existe no mercado quem faz melhor do que nós.

 

Pretende-se, portanto, com o benchmarking, introduzir novos conceitos de avaliação; aumentar a transparência e partilha de informação com a comunidade numa perspetiva de construção do mercado público de prestadores de cuidados de saúde

 

O objetivo dos relatórios de benchmarking é avaliar, por exemplo, o número de cirurgias e de consultas, e a percentagem destas, realizadas em tempo adequado; cirurgias realizadas em ambulatório no total de cirurgias; percentagem de reinternamentos em 30 dias; internamentos com duração superior a 30 dias; percentagem de partos por cesariana; taxa anual de ocupação em internamentos; percentagem de custos com pessoal, custos com prestação de serviços, custos operacionais, material de consumo clínico e produtos farmacêuticos versus doente padrão (custo médio ponderado por doente assistido).

 

A melhoria da informação e do conhecimento do Sistema Regional de Saúde e a comparação com o Serviço Nacional de Saúde constituem uma das prioridades da intervenção do Governo Regional na área da Saúde, sendo relevante, neste contexto, a disponibilização pública de informação sobre o desempenho das instituições (hospitais, centros de saúde, administrações regionais de saúde e respetivos agrupamentos de centros de saúde e outros serviços).

 

Só com os melhores é possível aprender a melhor fazer para o bem de todos.

 

Fonte: Diário de Notícias