Esta questão é uma das maiores preocupações dos pais em relação aos filhos, sobretudo nesta época de interrupção das atividades letivas.

Com menos obrigações e mais tempo livre, aumenta a ligação à vida online, através do computador, tablet, telemóvel, etc. Os jogos online, redes sociais, vídeos do youtube e aplicações de smartphone são extremamente apelativas, no entanto, em função da sua utilização e número de horas dispensadas, pode envolver riscos para a saúde, e até mesmo, dependência.

Na infância, a exposição excessiva aos ecrãs e tecnologias interativas desviam a criança das atividades enriquecedoras, como a interacção social e o brincar, fundamentais para o seu desenvolvimento biopsicossocial. A presença de ecrãs no quarto está associada a pior qualidade do sono e poderá desencadear outras perturbações, no futuro.

Na adolescência, apesar dos benefícios a nível comunicacional e relacional, o seu uso excessivo pode tornar-se problemático e potenciar alguns riscos: invasão da privacidade, alterações no sono, cyberbullying e outros comportamentos perturbadores da saúde mental do jovem e do seu percurso de vida.

A Psiquiatra Victoria L. Dunckley (2015) identificou a Síndrome de Ecrãs Eletrónicos, com manifestação de sintomas a nível cognitivo (desatenção, baixo autocontrolo, pobre funcionamento executivo, sono pouco reparador, baixa tolerância à frustração e pensamento desorganizado), do humor (depressão, flutuações de humor, irritabilidade, agressão e pouca energia) e social (reações defensivas, diminuição da empatia, ansiedade social, desconfiança, irresponsabilidade, dificuldade em manter relações próximas, comportamentos de oposição, contato visual comprometido e dificuldade na lista de pistas sociais).

Como lidar com o mundo tecnológico e educar os filhos a desenvolverem hábitos de utilização equilibrados?

- Converse com os filhos sobre esta realidade, alerte e esclareça dúvidas. Conheça o tipo de utilização do seu filho e se considera adequado para a sua idade. Por exemplo, os vídeos dos youtubers (reúnem seguidores por todo o mundo), apesar de divertidos e apelativos, deverão ser alvo de supervisão parental pois alguns conteúdos podem ser interpretados como reais e verdadeiros. Atualmente os youtubers são modelos para as crianças e jovens, quer a nível do estilo pessoal, quer dos seus comportamentos e atitudes. Manifeste interesse e assista com os seus filhos alguns vídeos, de modo a conhecer esta “realidade”.

- Questione o seu filho em relação ao número de horas que está “ligado” e incentive a existência de momentos de interrupção, ou substituição por outra atividade (brincar no exterior, fazer um jogo, ler, não fazer nada, etc).

- Estimule a procura de alternativas. Por ex. fazer uma lista das 10 coisas que gostariam de fazer nas férias que não envolva ecrãs e tecnologias digitais.

- Discuta limites e normas de utilização, conversadas com os filhos, em função das suas idades.

- Seja um modelo. Privilegie o tempo livre para atividades, conversas, brincadeiras, e convívio em detrimento de ocupar o tempo em redes sociais, chats ou jogos, quando está na companhia dos seus filhos.

- Se considerar que o seu filho está a desenvolver problemas devido ao uso problemático da internet ou tecnologias, recorra a um profissional.

Desejos de boas escolhas para o seu verão! Com ou sem férias, que seja um tempo para vivenciar momentos gratificantes, pois o melhor da vida vive-se offline!.

ALÍCIA FREITAS – Psicóloga

In “JM-Madeira"