Este ano não foram registadas concentrações prejudiciais de ozono respirável. Esperado aumento das temperaturas e elevada radiação solar pode mudar a situação. Zero quer alertas obrigatórios nos media.
Este ano está a contrariar a tendência da última década no que diz respeito à concentração de ozono respirável: até ao final de Julho não foi registada qualquer ultrapassagem das concentrações consideradas limite. E desde 2008 que isso não acontecia. Porém, é expectável que a situação mude nos próximos dias em virtude do aumento das temperaturas e da elevada radiação solar, factores propícios à formação deste poluente, alerta a associação ambientalista Zero. Se isso acontecer, a população tem de ser avisada, defende a mesma entidade.
Este ozono respirável equivale a 10% do ozono disponível na atmosfera (o restante está na camada de ozono) e, em elevadas concentrações, pode ter consequências nefastas na saúde. Presente à superfície, na troposfera, é formado a partir das emissões rodoviárias, industriais e de determinadas espécies florestais.
Danos aos pulmões e inflamação das vias respiratórias, aumento da tosse e maior probabilidade de ataques de asma são alguns dos efeitos possíveis da exposição a curto prazo, que podem afectar com mais gravidade crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias, enumera a Zero, em comunicado. A precaução passa por ficar em casa ou em locais fechados e não praticar actividade física intensa.
Ainda que os valores possam ser consultados no site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as autoridades regionais são obrigadas a comunicar à população, através da comunicação social, sempre que a concentração horária de ozono respirável ultrapasse determinados limites: quando é superior a 180 µg/m3, para que sejam tomadas precauções pelos grupos sensíveis; quando este valor ultrapassa os 240 µg/m3, para que toda a população se proteja. No entanto, nota a Zero, “em anos anteriores estes avisos não têm chegado às populações”.
A associação sugere, por isso, que determinados órgãos de comunicação social sejam obrigados a transmitir os avisos, como acontece noutros países. A comunicação, frisa, tem de ser rápida e eficaz uma vez que as ultrapassagens de limites podem durar poucas horas.
2010 teve 146 horas acima do limite
A boa notícia quanto aos níveis de ozono troposférico registados este ano foi constatada pela associação ambientalista junto das estações de monitorização de qualidade do ar da APA. E pode ser explicada pelas temperaturas abaixo da média nos últimos meses e algum vento, que terão inviabilizado a formação deste poluente secundário.
Com o quadro meteorológico previsto para esta quarta-feira e os próximos dias – temperaturas a ultrapassar os 40 graus e elevada radiação social – a formação de ozono é expectável, podendo ultrapassar limites definidos.
A título de exemplo, nos piores anos foram registadas 146 horas de ultrapassagens em diferentes locais (2010), 96 horas (2008) e 92 horas (2013). Só 2014 e 2015 tiveram poucas horas de ultrapassagem dos limites definidos.
In “Público”