Todos os anos surgem cerca de 3.000 novos casos de cancro de cabeça e pescoço em Portugal. Esta é uma doença frequentemente associada ao género masculino, com comportamentos de risco como fumar, consumir bebidas alcoólicas com frequência e em quantidades elevadas, e geralmente com uma idade superior aos 50 anos de idade.
Atualmente os estudos recentes têm mostrado que o quadro clínico dos doentes que sofrem de cancro de cabeça e pescoço tem sido mais frequente em jovens, com idades entre os 30 e 40 anos, não fumadores e que não consomem bebidas alcoólicas em grandes quantidades ou com frequência. Outra das evidências clínicas verificadas recentemente é a relação entre o HPV (Vírus do Papiloma Humano) – um vírus muito frequente e facilmente transmitido por contacto genital, sendo o principal agente responsável por infeções genitais em ambos os sexos – e o cancro de cabeça e pescoço que tem vindo a aumentar substancialmente a nível mundial.
O número de pessoas a sofrer de cancro da cabeça e pescoço são significativos, sendo o sexto tipo de cancro mais comum no mundo. Tem origem na pele ou nos tecidos moles, na parte superior dos aparelhos respiratório e digestivo: glândulas salivares; fossas nasais e seios perinasais; farginge (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe); laringe e gânglios linfáticos. A principal dificuldade no diagnóstico desta doença oncológica prende-se com o facto de provocar sintomas que são frequentemente confundidos com outras condições benignas, o que faz com que os diagnósticos por vezes cheguem tardiamente.
Os sintomas mais comuns são inchaço ou uma ferida na cavidade oral, dores de ouvidos, rouquidão, dificuldade em engolir ou dores de garganta incessantes. Em Portugal, cerca de 50% dos doentes são diagnosticados num estado avançado da doença porque desvalorizam os primeiros sintomas, e neste caso, as consequências podem ser muito graves. O cancro de cabeça e pescoço quando diagnosticado numa fase avançada pode dar aos doentes apenas cinco anos de esperança média de vida.
No entanto quando diagnosticado numa fase inicial, o tratamento deste tipo de cancro tem uma taxa de sucesso que ronda os 80%. Neste sentido o desafio passa por informar a população sobre os sintomas para que os consigam reconhecer, numa fase inicial, e dirigirem-se a uma especialista o quanto antes para receberem os cuidados e tratamento adequados. O grupo de estudos do cancro de cabeça e do pescoço no âmbito do Dia Mundial de Cancro de Cabeça e Pescoço, que se assinala a 27 de julho, vai realizar ações de rastreio e sensibilização à população, no Hospital das Forças Armadas no Polo do Porto, e espera contar com uma adesão local a esta causa.
Ana Castro
Presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço
In “Saúde Online”