As bebidas alcoólicas caraterizam-se por conter etanol, uma substância psicoativa que afeta a função e neurotransmissão cerebral, e que possui propriedades intrínsecas capazes de levar à dependência.
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 3,3 milhões de pessoas morrem anualmente devido ao consumo desmedido de álcool, sendo este a quarta maior causa de morte em todo o mundo.
Com a chegada do bom tempo e do período de férias, chegam também as atividades ao ar livre, as festas regionais e os festivais de música, circunstâncias que apelam ao consumo de bebidas alcoólicas, tradicionalmente associado ao relaxamento e à diversão. O efeito de desinibição social intrínseco ao álcool pode também ser motivo de procura em pessoas com maiores limitações na interação social, sobretudo jovens, como os que sofrem de fobia social, grupo de risco para desenvolver problemas relacionados com o álcool.
O consumo excessivo de álcool constitui atualmente um sério problema de saúde pública, aumentando exponencialmente o risco de acidentes em meio aquático, de acidentes de viação, de consumo de outras substâncias estupefacientes, de comportamentos sexuais de risco e de comportamentos violentos.
O abuso de bebidas alcoólicas no período de férias de verão é sobretudo preocupante nas faixas etárias mais jovens por múltiplas razões, das quais se deve realçar o potencial para precipitar um padrão de consumo regular e problemático que se perpetua após este período.
Desta forma, é importante moderar o seu consumo de álcool nestas férias e ficar atento aos hábitos de consumo dos jovens que o rodeiam. Depois da prevenção, definitivamente o passo mais importante é o reconhecimento do problema e intervenção precoces, para que haja um bom prognóstico a médio e longo prazo. Por todas estas razões não hesite em procurar ajuda especializada aos primeiros sinais de suspeição de dependência do álcool.
Mónica Almeida
Psiquiatra da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra
In “Saúde Online”