Uma nova investigação conduzida por especialistas da Universidade de Aveiro (UA) estimou que em 2050 as condições atmosféricas e alterações climáticas vão afetar a qualidade do ar em Portugal e, consequentemente, a saúde pública.
“A degradação da qualidade do ar esperada entre 2050 e 2100 para alguns poluentes, apesar da redução das respetivas emissões fruto das imposições da Comissão Europeia, é justificada pelas condições meteorológicas mais quentes e secas [em 2100 o planeta estará em média mais quente 4ºC] que conduzem a um aumento das concentrações de fundo e a uma menor deposição e dispersão”, aponta Alexandra Monteiro, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, citada em comunicado.
A mesma nota refere que as crianças, os idosos, grávidas e indivíduos com problemas respiratórios e cardíacos serão os principais afetados pela poluição atmosférica que atualmente já mata sete milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os dados apresentados pela UA, desvenda Alexandra Monteiro, coordenadora do estudo publicado recentemente na revista Air Quality, Atmosphere & Health, “confirmam bem a complexidade do sistema atmosférico e da poluição do ar, em particular, revelando que a sua natureza depende de múltiplos fatores, que incluem não só o que é emitido para a atmosfera pelo Homem e pela natureza, mas também das condições físicas de dispersão e transporte dos poluentes, ditadas pela meteorologia”.
No comunicado, os especialistas reforçam a importância de reduzir as emissões, mas alertam que algumas alterações são inevitáveis e impossíveis de resolver. “Para que isto seja feito de uma forma eficiente e duradoura é urgente uma estratégia e implementação conjunta entre países e continentes, uma vez que a poluição do ar não tem fronteiras nem limites políticos”, lembra a investigadora do CESAM.
Neste estudo também participaram os investigadores do CESAM Elisa Sá, Ana Fernandes, Carla Gama, Sandra Sorte, Myriam Lopes, Carlos Borrego e Ana Isabel Miranda. A análise contou ainda com a colaboração do Grupo de Meteorologia e Climatologia do Departamento de Física da UA que disponibilizou os resultados das simulações de cenários climáticos para futuro de médio (2050) e longo prazo (2100).
In “Saúde Online”