Profissionais defendem plano anual de exercício e alimentação
A correria para o ‘corpo perfeito’ no Verão começou a fazer-se sentir há cerca dois meses, quer nas farmácias, quer nos ginásios.
Numa altura em que existe uma maior exposição de produtos que prometem ajudar a emagrecer, continua a haver uma “faixa populacional que tenta procurar uma resposta rápida através da suplementação, mas como sabemos, a suplementação tem o seu papel de auxílio, mas não consegue ‘per si’ ser capaz de levar a uma perda de peso ponderal e competente”, começa por alertar, Bruno Olim, presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Farmacêuticos.
Nesta época em que os corpos estão mais expostos, “há sempre um incremento na procura e também na exposição da oferta destes produtos ditos milagrosos para o emagrecimento porque esta é a altura em que mostramos mais o corpo por causa da praia”. Mas, o essencial passa por haver uma alteração comportamental ao nível do exercício físico e da alimentação. “Em alguns casos, pode haver a necessidade de recorrer a profissionais de saúde, como nutricionistas, farmacêuticos, médicos, em casos específicos, porque esta perda ponderal de peso tem de ser sustentada”.
Neste sentido, o especialista alerta para as ‘dietas ioiô’, nas quais a pessoa perde algum peso, mas depois volta a engordar muito rápido. “É preciso ter alguma cautela e cada pessoa deverá ter o produto que se adequa melhor ao seu estilo de vida. Depois, em alguns casos, até é necessário um acompanhamento do foro psicológico, porque há sempre fases em que a perda ponderal é menor e é necessário saber ultrapassar essa limitação mental, que às vezes esbarra e faz com que a pessoa desista”.
Produtos contrafeitos
Os produtos de emagrecimento não passam de suplementos, sendo que “não há no mercado medicamentos para a perda ponderal de peso com estatuto não sujeito a receita médica”, explica Bruno Olim.
Em relação ao consumo das pílulas para perda de peso, o profissional deixa um alerta relacionado com os produtos contrafeitos, que são vendidos na Internet. “O facto de termos a Internet muito acessível, leva a que as pessoas façam a aquisição de moléculas, nomeadamente algumas que já estão proibidas no mercado, devido aos efeitos adversos gravosos, e esta procura ilícita leva a que as pessoas coloquem em risco a sua própria saúde”.
Só quando a informação é científica e validada, é que podemos tomar depois decisões conscientes, caso contrário “podemos estar a tomar algo erradamente e depois colocamos a nossa saúde em risco, principalmente por causa do acesso à Internet, que ainda tem em circulação produtos que já foram retirados do mercado, ou seja, estes produtos não têm produção lícita”. Isto quer dizer que todos os riscos de consumo de substâncias não validadas envolvem um risco enorme para a saúde.
Não existe pílula secreta para emagrecer
Tiago Sousa, personal trainer, vai ao encontro das palavras de Bruno Olim, confirmando que “as pessoas andam à procura da pílula secreta para emagrecer, que não existe, mas elas andam muito atrás dos suplementos milagrosos que acabam por não ajudar e só lhes fazem gastar dinheiro em vão”. A base para haver resultados é: “haver uma boa dieta, treino e um bom descanso e isto tem de ser levado de forma consistente”. Os consumidores acabam por ir atrás de “ofertas que não fazem qualquer sentido, em vez de se preocuparem em fazer um pouco de exercício por dia”.
As idas ao ginásio têm sido mais frequentes nesta altura do ano. “As pessoas querem resolver os ‘problemas’ que andaram a cometer durante todo o ano, mas o cuidado com o corpo deve ter a ver com saúde, em primeiro lugar, e acho que tentar resolver um problema que vem sendo criado ao longo do ano e preocupar-se apenas durante dois meses só para fins estéticos, não é a melhor abordagem”.
O personal trainer fala também das dietas inconsistentes como um dos maiores erros cometidos nesta altura do ano. “A tendência é que, durante os meses de Verão, o peso baixe devido às dietas restritivas. As pessoas acabam por passar fome para emagrecer e assim que passa o Verão, elas acabam por esquecer toda essa dieta e voltam aos hábitos antigos, que acabam por ser ainda piores. É aí que as pessoas voltam a ganhar ainda mais peso do que tinham”. Em primeiro lugar, este tipo de situação pode “gerar distúrbios alimentares e depois as pessoas acabam por não gostar de se verem ao espelho e entram, muitas vezes, em depressão”, alerta Tiago Sousa.
In “Diário de Notícias”