Protocolo assinado em fevereiro quer reduzir cancelamentos e tempo de espera
No ano passado, registaram-se mais de cinco mil cancelamentos de serviço pela falta de capacidade de resposta do SESARAM. Os números são, agora, bem mais reduzidos.
Um milhão de euros. Este é o valor que o SESARAM estima gastar, em 2018, com transportes de doentes não urgentes através do protocolo que assinou, em fevereiro último, com a Associação dos Industriais de Táxi da Região Autónoma da Madeira (AITRAM). A este valor, soma-se outro milhão e meio que o SESARAM tem com os transportes que realiza. Ou seja, no total, são dois milhões e U meio de euros em transportes com doentes não urgentes.
“Só com o protocolo da AITRAM, excluindo os custos dos nossos transportes internos, o valor que se estima para este ano é de 933 602,88€”, afirma Pedro Santos Gouveia, vogal do conselho de Administração do SESARAM. O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira quis reduzir o número de cancelamento de serviços que acontecia, com muita frequência, até agora (por falta de meios), assim como o número de reclamações por parte dos utentes.
Além disso, pretendeu igualmente diminuir o tempo que cada doente esperava, por vezes, para ser levado de casa para o tratamento, ou vice-versa. Assim, assinou um protocolo com a AITRAM, através do qual mais de duas centenas de táxis em toda a Região realizam serviços de transporte de doentes não urgentes.
Esta medida, segundo Pedro Santos Gouveia, fez com que, em relação ao último ano, já se tenha verificado uma redução em cerca de 43% das reclamações por falta de transporte e de 22% por atraso no transporte, quando comparado com o último ano. É esperado que ainda este ano haja uma diminuição em 30% nas reclamações dos transportes de doentes não urgentes, comparativamente a 2017.
Assim, Pedro Santos Gouveia destaca a importância que este investimento trouxe para os doentes, o SESARAM e a AITRAM. Em 2017, houve 5.714 cancelamentos de transportes de doentes não urgentes (numa média de 600 mês). O número de ambulâncias e efetivos não eram suficientes para conseguir dar uma resposta cabal. Além disso, o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira não tinha nem tem bases em toda a ilha. Neste ano, em fevereiro, foram registados 163 cancelamentos de transportes de doentes não urgentes (contra os 344 em fevereiro de 2017), por exemplo. Já em março deste ano, aconteceram apenas 17 cancelamentos. Em abril, registaram-se 73 e em maio voltou a registar um número reduzido (45). Em 2017, nos períodos iguais, registaram-se 344 em fevereiro, 750 em março, 572 em abril e 628 em maio.
Em 2017, efetuaram-se 134.378 mil serviços de transporte não urgente de doentes (para consultas e para tratamentos), mais 10 mil pedidos do que em 2016. Neste momento, e tendo em conta que os dados são até 31 de maio, já foram efetuados 53.209. Destes 23.918 foram feitos pelo SESARAM, enquanto a AITRAM fez os restantes: mais de 27 mil.
Estes números demonstram que a maior 'carga' está a cargo da AITRAM e Pedro Santos Gouveia justifica o facto de ser a AITRAM a ter maior trabalho com a necessidade de o SESARAM se concentrar no serviço intra-hospitalar, resolvendo, da melhor maneira, os serviços da urgência nas situações de altas.
2,5 MILHÕES DE EUROS: TOTAL GASTO COM TRANSPORTE DE DOENTES NÃO URGENTES
5714 CANCELAMENTOS VERIFICADOS EM 2017 POR FALTA DE MEIOS
Serviços em todos os concelhos
Dos 800 táxis inscritos na AITRAM, mais de 200 aderiram ao protocolo com o SESARAM. E se outros não o fizeram não é por falta de interesse mas sim porque a maioria dos serviços de saúde é feita de manhã e alguns estão já ocupados com programas de agências de viagens ou com serviços no Porto do Funchal. António Loreto, presidente da AITRAM, sublinha que, em todos os concelhos da Madeira, há táxis 'a trabalhar' para os utentes do SESARAM.
Neste momento, estão distribuídos da seguinte forma: 8 no Porto Moniz, 8 em São Vicente, 16 em Santana, 25 na Ribeira Brava, 18 na Ponta do Sol, 34 em Câmara de Lobos, 28 na Calheta, 21 no Funchal, 34 em Machico, 31 em Santa Cruz e 4 no Porto Santo.
António Loreto realça ainda a importância da iniciativa celebrada com o SESARAM, não só para os utentes - que estão em primeiro lugar - mas também para a AITRAM e seus profissionais, que viram nesta iniciativa mais uma oportunidade de desafogo face à crise que o setor atravessa. JM
Parceria também em Santa Cruz
O SESARAM está a negociar um protocolo com a associação de táxis de Santa Cruz, semelhante ao celebrado com a AITRAM. Este concelho anunciou a entrada em funcionamento de uma ambulância para responder à falta de resposta do SESARAM. Pedro Santos Gouveia afirma ao JM que a medida da autarquia de Santa Cruz vai cair em “saco roto”, uma vez que o SESARAM está a conseguir, através do protocolo que deverá estender-se ao referido município, “dar uma resposta cabal”. JM
Carla Ribeiro
In “JM-Madeira”