Número anual que abrange os portadores da doença na Região, refere o cardiologista Nuno Santos
Novo tratamento chegou à Região na passada quarta-feira, e estará a cargo de Nuno Santos.
O Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma da Madeira tem agora capacidade para oferecer tratamento a cerca de 50 doentes anuais portadores de arritmia. Isto mesmo foi constatado ao JM por Nuno Santos, médico responsável por uma nova técnica implementada: a arritmologia de intervenção.
Entre duas a três dezenas de pessoas com arritmia são referenciadas, por ano, na Região, nos serviços público e privado, acrescentou o cardiologista. Este médico recebeu a proposta de trazer este tratamento para a Madeira, na sequência do trabalho que desenvolveu no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, local para onde eram transferidos os doentes da Região.
Uma necessidade que acabou na última quarta-feira, data em que especialistas de reconhecido mérito nacional e internacional nesta área vieram assistir à primeira eliminação dos sintomas de arritmia cardíaca na Madeira.
Antes deste tratamento estar disponível no SESARAM, “os casos mais graves eram transportados para o continente, de forma difícil, em avião ambulância”, sublinhou o médico. Nuno Santos esclareceu que a possibilidade de tratamento é agora mais fácil, apontando vantagens como a eliminação dos constrangimentos associados ao transporte do doente.
CUSTOS PARA O SESARAM
“Eu não sei como se processa o acerto de contas com Hospital de Santa Cruz, mas obviamente que os custos do transporte deixam de existir e se pensarmos como um País inteiro, esses custos são suprimidos e fica mais barato tratar os doentes aqui”, sublinhou Nuno Santos.
Acrescentou que, havendo a recetividade do SESARAM “para a aquisição dos consumíveis que são gastos neste tipo de estudos, normalmente as empresas que os fornecem, com a garantia de que existe um consumo regular, estão disponíveis para suportar os custos imediatos da aquisição de alguns equipamentos para a construção de um laboratório”, explicou Nuno Santos. O JM sabe que um único procedimento destes tem custo superior a cinco mil euros.
TEMPOS DE ESPERA
Entre os especialistas nacionais, encontrava-se o médico cardiologista Pedro Adragão. Falando sobre a realidade do Hospital de Santa Cruz, o especialista refere que os tempos de espera para este procedimento, nos casos menos graves, rondam os três a seis meses; mas se houver patologia, o tempo diminui para um mês e, nos casos mais urgentes, o tratamento é feito quando solicitado, ficando disponível “normalmente em menos de uma semana”, indica.
Em Portugal, existem cerca de 25 especialistas subespecialista de eletrofisiologia cardíaca, sendo esperado que mais dez comecem a exercer nos próximos tempo, disse Pedro Adragão, ressaltando que Nuno Santos é o primeiro médico com este título na Região.
“A Região está muito avançada na área da cardiologia de intervenção, o que significa um nível de qualidade seguro e elevado”, garantiu.
Como se reconhece?
Pedro Adragão, médico cardiologista, explicou que as pessoas que sofrem de arritmias “queixam-se de palpitações, ou seja, o coração bate de forma diferente do habitual e sentem isso como uma ameaça, o que na maior parte das vezes não representa perigo, mas em alguns casos é extremamente perigoso”.
Através da introdução destas técnicas e de novos meios para tratar as “situações mais perigosas estamos a aumentar a esperança média de vida da polução e a reduzir a sua morbilidade”, ou seja, a capacidade de estarmos doentes, sublinhou Pedro Adragão.
Esta é uma doença que pode ter causas tanto hereditárias como de natureza adquirida, sendo uma situação muito frequente na população, que frequentemente se manifesta por taquicardíacas súbitas: “a pessoa está muito bem e depois o coração começa a bater fora do habitual, prosseguiu o cardiologista, exemplificando como causas patológicas os antecedentes de problemas cardíacos, como enfartes de miocárdio que deixam cicatrizes no coração e podem dar origem a episódios de aumento da frequência cardíaca.
“Se estivermos a falar da arritmia mais frequente do ser humano, sabemos que é registada em 25 em cada 1.000 portugueses com mais de 40 anos”, salientou.
Como se trata?
Por vezes é colocado um cardiodesfiblidador, um aparelho que, havendo um episódio de arritmia e não dando tempo para a chegada do Serviço de Emergência, trata o doente e ele volta ao normal, explica Pedro Adragão, ajuntando que em certas situações é necessário fazer um tratamento ablativo, que poderá ter uma atitude quase curativa. Não sendo curativo, acrescenta o especialista, “é útil para reduzir o número de sintomas e a manter a pessoa viva sem queixas”.
De acordo com o SESARAM, “o estudo eletrofisiológico consiste na introdução de cateteres (tubos finos e flexíveis especiais) em locais específicos do coração para descobrir e estudar os defeitos no sistema elétrico do coração e a ablação tem como objetivo corrigir as arritmias”.
In “JM-Madeira”