São muitos os desafios e as mudanças que transformam o mundo do trabalho, lançando a incerteza e a insegurança sobre o seu futuro. Fatores como a demografia, a tecnologia, as alterações climáticas e a globalização estão rapidamente a transformar o trabalho.

 

O trabalho como fonte de rendimento abre o caminho para o progresso social e económico, o que permite a prosperidade das pessoas, das famílias e comunidades, garantindo assim a justiça social. Se as sucessivas alterações ao trabalho forem sustentadas num princípio do trabalho digno para todas as pessoas, fundado em sólidos valores como direitos, liberdade, solidariedade, inclusão, claramente o futuro do trabalho será promissor. A eficácia e a importância do futuro do trabalho dependem da forma como este se adapta às novas realidades económicas, sociais e políticas. É importante que haja um diálogo que reflita sobre que abordagens permitirão fazer face aos desafios futuros do mercado do trabalho.

 

Claramente, que ao nível da Segurança e Saúde no Trabalho estas novas realidades apresentam tanto oportunidades como desafios. O surgimento das novas tecnologias, da informação, a inteligência artificial, os robôs têm implicações importantes para o futuro do trabalho, pois estes oferecem elevados níveis de produção industrial, permitindo a realização de atividades e tarefas produtivas superiores à capacidade do ser humano, como também trabalham em ambientes perigosos ou difíceis, evitando a presença do homem. Os maiores benefícios serão permitir a substituição dos trabalhadores que trabalham em ambientes insalubres ou perigosos, que executam tarefas inseguras ou repetitivas estejam expostos a agentes e condições perigosas, reduzindo a sua exposição aos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonómicos e psicossociais.

 

Contudo, os trabalhadores estarão igualmente expostos a novos riscos pelo que é forçoso transferir os conhecimentos existentes para as novas tarefas e ambientes de trabalho, contribuindo para uma eficaz identificação, avaliação e controlo de riscos. É importante a investigação em matéria de segurança e saúde no trabalho, a fim de assegurar que todos os aspetos do trabalho sejam efetivamente integrados na aplicação de medidas de controlo e prevenção de riscos, procurando eliminar ou reduzir os riscos profissionais e assim evitar os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. A adoção de medidas técnicas ou de engenharia destinadas a gerir diretamente sobre as fontes de riscos, como também a definição de medidas organizacionais, nomeadamente sobre os comportamentos e atitudes permitem a supressão e a redução do risco e promovem uma cultura de prevenção. A formação dos trabalhadores assume igualmente um papel fulcral para a prevenção, pois permite estabelecer uma melhor interação com o surgimento de novos procedimentos de trabalho, máquinas e equipamentos, bem como orientar para os procedimentos de segurança, garantindo o desempenho da atividade em conformidade com os parâmetros de segurança. É importante que os trabalhadores tenham a possibilidade de adquirir conhecimentos suficientes e de os atualizar regularmente, pois só assim poderão exercer a sua atividade com segurança e saúde ao longo de toda vida profissional.

 

É evidente de que o sucesso de um sistema produtivo passa inevitavelmente pela qualidade das condições de trabalho que é proporcionado aos trabalhadores, e a segurança e saúde no trabalho contribui evidentemente para a melhoria da produtividade e da competitividade das empresas. É importante encarar os princípios e objetivos desta matéria enquanto valores centrais da empresa e integrá-los nas suas ações e decisões quotidianas.

 

A inexistência de medidas eficazes na área da segurança e da saúde nos locais de trabalho reflete um maior número de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, associado a elevados custos pessoais, sociais e económicos. Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais, em consequência da sua dimensão, da gravidade dos seus efeitos para os trabalhadores e suas famílias, bem como dos seus reflexos socioeconómicos, apresentam custos e perdas para o governo no sistema e subsistema da saúde e da segurança social, para as empresas e para os trabalhadores no que refere ao sofrimento físico e moral, custos com a reabilitação profissional, perdas de produção, absentismo, acréscimo dos prémios de seguros de acidentes de trabalho, substituição temporária de vítimas de acidentes de trabalho, adaptação de postos de trabalho, indeminizações pela reparação por doenças e acidentes no trabalho, entre outros. A Segurança e Saúde no Trabalho deve ser encarada como uma componente essencial para o crescimento económico e o desenvolvimento social, que procura reduzir a incidência de mortes relacionadas com o trabalho, acidentes e doenças profissionais, garantindo a todos os trabalhadores o direito fundamental a um trabalho seguro e saudável.

 

In “JM-Madeira”