Após uma introdução acerca do futuro, Alex e Salva estão num café a discutir sobre o que é ou não ser divertido. Depois tentam engatar, mas uma discussão sobre quem fumou o charro impede-os. Quando o resultado é que o facto de consumir uma droga não é um instrumento que ajude a isso, desinibindo e incentivando, mas antes pelo contrário, podem surgir algumas dúvidas sobre os resultados do consumir neste âmbito das relações.
Este é o resumo do capítulo 2 da história entre Alex e Salva e daquilo que são as suas motivações e expetativas em relação ao consumo de cannabis, da pressão entre pares, e suas consequências.
Relembro que o programa CAPPYC (Cannabis Prevention Program for Young Consumers), a ser implementado na Região Autónoma da Madeira (RAM), pelo IASaúde, IP-RAM, através da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD), pretende ampliar as possibilidades de trabalho educativo com adolescentes e jovens dos 15 aos 18 anos, no âmbito da educação em valores , de maneira a facilitar a reflexão sobre os mitos e falsas crenças que existem em torno da cannabis, bem como promover nos jovens atitudes críticas que contribuam para a tomada de decisões relativamente ao consumo de drogas em geral e o consumo de cannabis em particular. Os capítulos são construídos para facilitar a reflexão por parte dos jovens sobre até que ponto é que esses benefícios do consumo são realmente tal como esperam.
Os efeitos do consumo de cannabis na adolescência, foram reconhecidos há muitos anos, e estudos recentes têm confirmado os resultados anteriores. A cannabis prejudica o desenvolvimento cognitivo (capacidades de aprendizagem), incluindo processos associativos, ou seja trazer à lembrança conteúdos anteriormente aprendidos é muitas vezes prejudicada durante o processo de aprendizagem. Bem como prejudica o desempenho psicomotor numa grande variedade de tarefas, tais como a coordenação motora, atenção dividida e as tarefas opcionais de vários tipos (OMS, 2015).
Apesar do consumo de cannabis ser ilegal, esta é a substância ilícita mais consumida no Mundo. O seu consumo aparentemente não gera preocupação social, embora as investigações cada vez evidenciam mais o facto de acarretar importantes problemas psíquicos. As drogas costumam estar associadas a valores como a liberdade, a felicidade ou a diversão. Descobrir que as drogas na verdade não contribuem para alcançar, pelo menos de forma duradoura, esses valores, irá promover nos jovens atitudes críticas que irão contribuir para a tomada de decisões mais conscientes do ponto de vista da assertividade.
FILIPA MENDONÇA
Psicopedagoga, IASaúde, IP-RAM - Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências-UCAD
In “JM-Madeira”