Urologista Lino Santos diz que os homens sentem menos vergonha de procurar o médico

 

Apesar de estarem a ser mais procurados, raramente estes medicamentos são a solução para um problema que é muitas vezes psicológico, explicou um especialista ao JM.

 

Os madeirenses estão a consumir mais produtos para a disfunção erétil. De acordo com dados compilados pela empresa 'hmR Portugal - Health Market Research', e fornecidos ao JM pela Associação Nacional das Farmácias, que dizem respeito aos números de vendas de 85% das farmácias madeirenses, em 2016 foram vendidas 12.921 embalagens destes medicamentos, enquanto em 2017 foram vendidas 15.235 unidades, representando um aumento de 2.314 unidades vendidas.

 

De acordo com a mesma fonte, a procura continua a aumentar em 2018, uma vez que em março de 2016 foram vendidas 1.312 unidades, em março de 2017 foram vendidas 3.702 e em março passado foram 3.810 o número de embalagens comercializadas nas farmácias analisadas da Região.

 

Para o médico urologista Lino Santos, a explicação reside no facto de os doentes do sexo masculino estarem a perder a vergonha e a procurar mais o médico. “Há uns anos, os homens não se queixavam. Atualmente já acham que é normal recorrer a um especialista, sendo por vezes as próprias companheiras a insistirem para que vão ao médico”, afirmou o especialista ao JM.

 

Apesar disso, Lino Santo ressaltou que raramente a medicação é a melhor solução para a disfunção erétil, que é provocada na maioria dos casos por razões orgânicas, como traumatismos na coluna, toma de outros medicamentos, doenças neurológicas e diabetes, exemplificou o especialista. Salientou que algumas doenças e medicamentos cardíacos contra-indicam esta medicação, que deve ser consumida somente com receita médica.

 

Nos casos em que o doente não possui condicionalismos orgânicos, o problema será psicológico, o que acontece com alguma frequência uma vez que os homens não estão preparados para lidar com uma falha da ordem sexual, explicou Lino Santos, acrescentando que nessas situações a medicação nada resolve.

 

Estas falhas acontecem principalmente em momentos específicos. Nos rapazes, entre os 18 e 20 e tal anos, é comum ocorrer quando mudam de companheira. “Aí surge a dúvida, o medo de falhar, e quando pensam que não vão conseguir não conseguem mesmo. Havendo uma primeira falha, ficam aborrecidos e na segunda relação sexual ainda vão estar mais preocupados, instalando-se assim uma disfunção erétil”, explicou o urologista, acrescentando que “quando a falha acontece numa idade destas é um desastre psicológico”.

 

Já nos homens com idades mais avançadas, as responsabilidades da vida, o stresse do trabalho, o desemprego e os problemas económicos são as causas mais prováveis para este problema. A solução, de acordo Lino Santos, passa por procurar ajuda médica, sendo o papel do urologista identificar as causas do problema e instituir uma série de regras que devem ser seguidas pelo casal, acompanhadas de uma receita médica para um medicamento vasoativo do pénis para que a recuperação seja feita de forma mais rápida. “O medicamento é uma ajuda para a recuperação, que deixa depois de ser necessária”, declarou o médico.

 

Quando há uma forte componente psíquica ou hormonal associada ao problema, Lino Santos referiu que o papel do urologista é encaminhar o utente para o especialista mais adequado, podendo este ser um psicólogo, psiquiatra ou endocrinologista, por exemplo.  

 

12.921 EMBALAGENS VENDIDAS EM 2016

 

15.235 EMBALAGENS VENDIDAS EM 2017

 

Cláudia Ornelas

 

In “JM-Madeira”