Formação de 20 instrutores a cargo do Conselho Português de Ressuscitação
A partir desta semana o Serviço de Saúde da Região (SESARAM) passa também a dispor de uma escola europeia de Ressuscitação. Para que isto aconteça, desde segunda-feira que estão na Madeira um grupo de instrutores seniores do Conselho Português de Ressuscitação (CPR) que ontem e anteontem ministraram, no Centro de Formação do SESARAM o Curso Genérico de Instrutores para os 20 elementos da Região que vão compor o grupo de instrutores da futura escola.
Já hoje e amanhã será desenvolvido Curso de Suporte Avançado de Vida (para 20 formandos médicos e que servirá para os instrutores da Região serem observados como formadores), assim como dois cursos de Suporte Imediato de Vida (para 12 formandos enfermeiros em cada curso e que servirá para os instrutores enfermeiros serem observados como formadores).
No final destas etapas, será então formalizado o protocolo entre o SESARAM e o CPR, ficando o SESARAM referenciado como escola certificada ao nível europeu na área da ressuscitação.
Adelina Pereira, presidente do CPR, que tem acompanhado todo este processo, mostra-se satisfeita com este passo dado pelo SESARAM, até porque há já muitos anos se faz formação em reanimação, mas “falta uma certificação e um reconhecimento”.
Numa altura em que a certificação é muito importante, sobretudo ao nível europeu, já que a mobilidade dos profissionais é uma realidade, este processo é sobretudo um reconhecimento ao esforço que tem sido feito pelos profissionais da Região. Com várias mais-valias. “A partir do momento em que temos instrutores CPR podemos dar formação nestas áreas da reanimação em qualquer escola europeia”, exemplifica. Mais não só. Pertencendo a esta família europeia, a escola de Ressuscitação do SESARAM passa a ter procedimentos certificados e sempre actualizados, como já acontece com as restantes escolas CPR existentes em todo o país.
Apesar da logística difícil que implicou a vinda à Madeira, durante 5 dias, de 9 instrutores séniores do CPR, Adelina Pereira diz que alcançar o objectivo de criar no SESARAM uma escola devidamente acreditada na área da reanimação foi motivação suficiente para que ambas as entidades encontrassem soluções para realizar estas formações.
“A partir de agora a Madeira entra na base de dados europeia, ainda não como organizadora autónoma de cursos, mas já como escola e com instrutores na área”, explica. Para ter essa autonomia, que é o passo que segue, é necessário ter um número determinado de instrutores seniores. “Mas esse é um processo que será finalizado em breve”, acredita a responsável, sublinhando que o passo mais difícil já foi dado.
Cada vez mais pessoas formadas
A verdade é que além das escolas direccionadas para profissionais de saúde, o que foi a base da criação do CPR e que já conta com muitas pessoas formadas, há alguns anos esta entidade sentiu necessidade de se abrir à sociedade civil, porque acredita ser fundamental reforçar a aprendizagem do suporte básico de vida (SBV) e desfibrilhação automática externa. A cadeia de sobrevivência tem vários elos e o primeiro é saber quem ajuda e inicia o suporte básico de vida, diz Adelina Pereira. “Quando há uma paragem cardíaca, muitas vezes não há um médico nem um enfermeiro por perto. Por isso, de que adianta ter uma cadeia de sobrevivência onde há locais e profissionais que fazem suporte avançado de vida altamente diferenciado, quando não se pedir ajuda e se começar o suporte básico e o DAE”.
Tendo por base estas premissas, o CPR lançou em 2011 um projecto chamado ‘Salvar Vidas’, que andou por todo o país a divulgar as boas práticas de reanimação. Além disso, há vários anos, desenvolvem a iniciativa ‘Restart a Eart Day’, campanha europeia que se assinala a 16 de Outubro, e para o qual o SESARAM e respectivos instrutores já foram convidados a participar neste ano.
O CPR iniciou também o projecto das ‘Escolinhas’, através do qual pretende que todas as crianças aprendam as noções de SBV. Com este projecto conseguiram abranger as escolas de Matosinhos, Beja e Valongo, mas em 2016/17 o SBV começou a fazer parte do currículo de Ciências da Natureza. “Portugal é o único país da Europa em que o programa escolar integra o ensino do suporte básico de vida. É uma mais-valia, porque faz todo o sentido começar desde cedo a aprender estas noções”, diz ainda Adelina Pereira.
CPR é a única entidade em Portugal acreditada pelo European Ressuscitation Council
O Conselho Português de Ressuscitação (CPR), associação sem fins lucrativos, é uma entidade única em Portugal creditada para dar formação de instrutores com creditação europeia do European Ressuscitation Council (ERC), representado por Luís Campos Costa e Adelina Pereira. O processo para atingir esta certificação é constituído por várias etapas, nomeadamente uma componente teórica, com a realização de um curso Genérico de Instrutores (GIC) e com uma componente prática constituída pela observação destes como instrutores nos cursos SAV e SIV. Adelina Pereira explica que Portugal faz parte do ERC há muito tempo e é, entre os 33 países pertencentes a esta rede, um dos 5 com auto-suficiência para certificar os cursos nesta área.
Com esta certificação, o SESARAM passará a ser uma das cerca de três dezenas de escolas de ressuscitação do país.
In “Diário de Notícias”