A Dermatite Atópica, também conhecida como Eczema Atópico, é a doença inflamatória crónica cutânea mais comum e é caracterizada por uma pele muito seca que apresenta frequentemente inflamação e um intenso prurido.
Quando persiste no adulto tende a ser mais grave. Pode afetar todas as idades, mas o início da doença é mais frequente no grupo etário abaixo dos 5 anos de idade. A prevalência da Dermatite Atópica na população em geral estima-se que seja de 2-5%, e cerca de 15% nas crianças e adolescentes. É habitualmente a primeira manifestação de doença alérgica precedendo o aparecimento de rinite ou asma alérgicas .
Parece resultar da interação de fatores genéticos (muitos doentes quando nascem já estão predispostos para ter uma pele mais frágil e sensível, com tendência a desenvolver reações exageradas contra compostos inócuos do meio ambiente- a alergia) e ambientais (exposição a poluição atmosférica, fumo de tabaco, menos exposição aos microrganismos protetores que existem no solo das áreas verdes e rurais).
O diagnostico é essencialmente clinico-manifestações cutâneas sugestivas em localizações típicas e que variam de acordo com a idade: no lactente as lesões cutâneas atingem a face, tronco e abdómen, na criança e adolescente as pregas cutâneas nos braços e atrás dos joelhos, atrás das orelhas e dobra do pescoço, no adulto as mãos, nuca, também as pregas podendo ser generalizadas . A comprovação de atopia ou alergia com a realização de testes cutâneos alergológicos e outras manifestações como rinite, asma ou alergia alimentar também apoiam o diagnostico. Esta patologia provoca um prurido cutâneo intenso, sensação de ardor, perturbação do sono, irritabilidade, perturbação da imagem social, perturbação da qualidade de vida podendo nos casos mais graves condicionar sentimentos depressivos e de ansiedade. É ainda importante não esquecer de fazer o diagnostico diferencial com outras doenças de pele como a psoríase ou dermatite seborreica.
O seu tratamento passa por em primeiro lugar fomentar a restauração da barreira cutânea com cremes específicos, em segundo lugar a utilização de cremes com corticoides e outros compostos semelhantes que têm por objetivo desinflamar a pele. Nos casos mais graves é necessária medicação mais abrangente (sistémica) sob a forma de comprimidos imunossupressores. Recentemente têm surgido novos medicamentos de utilização apenas hospitalar que parecem ser promissores porque poderão atuar de forma mais especifica na desregulação do sistema imunológico que caracteriza a dermatite atópica
Assim, a Dermatite atópica pode ter um impacto significativo na qualidade dos doentes e suas famílias e por isso não deve ser subvalorizada. Devido à importância que a alergia pode desempenhar na Dermatite Atópica, é indispensável que seja feito um diagnóstico preciso e que haja seguimento por um médico especialista nesta área.
Prof. Dra. Cristina Abreu
Coordenadora do Grupo de Alergia Cutânea da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC)
In “Saúde Online”