Uma boa saúde é a melhor lotaria que se pode ter, é o motor que nos motiva, que nos move a cada dia e nos ajuda a viver uma vida plena e ativa.

Contudo, por vezes, não percebemos isso até que alguma coisa comece a falhar, algo que pode acontecer por falta de sorte, mas também por não jogarmos os nossos trunfos tão regularmente quanto deveríamos. Para isso, basta cuidarmo-nos dia após dia: fazer uma dieta equilibrada, exercício físico, manter a mente ativa e alegrar o coração. E não esquecer de visitar o centro de saúde de vez em quando para fazer algum controlo de rotina.

 

Estes últimos são determinantes para a deteção precoce de muitas doenças que aparecem silenciosamente, sem sintomas e que, a longo prazo e sem tratamento adequado, podem tornar-se complicadas, como é o caso do cancro. Neste momento existem vários tipos de doenças oncológicas que já possuem testes simples específicos que detetam a doença precocemente: mama, pele, cólon ou colo do útero são alguns deles.

 

Outros, como o cancro do pulmão, são mais difíceis de detetar até estarem num estadio mais avançado, embora alguns hospitais em Portugal já tenham iniciado programas específicos com doentes em risco, como aqueles que são ou têm sido fumadores inveterados, entre os 50 e os 70 anos de idade, com historial de bronquite crónica, a qual é recomendada a monitorização clínica e radiológica periódica. Não se deve perder de vista um facto importante: se o tumor está localizado de maneira incipiente, as hipóteses de sobrevivência aumentam para 80%, numa doença que a cada ano mata milhares de pessoas em Portugal.

 

Estudos genómicos e oncologia de precisão

 

Por outro lado, existem novas técnicas que podem ajudar o clínico a esclarecer dúvidas: para o cancro do pulmão, bem como para o cancro da mama e cólon, podem ser realizados estudos para ajudar o especialista a ter muito mais informações sobre um tumor. É importante “conhecer o seu nome e também seus apelidos”, porque dois casos do mesmo tipo de cancro são geralmente diferentes uns dos outros, e não respondem da mesma maneira ao mesmo tratamento.

 

Graças a essa novidade, que se enquadra na chamada oncologia de precisão, os especialistas podem saber que alterações genéticas desencadearam a doença e aplicar um tratamento-alvo muito mais eficaz, o que gera menos desconforto e efeitos secundários para o doente.

 

Além disso, estas aplicações da medicina personalizada também servem como suporte quando se trata de manter um acompanhamento mais fiável e permitir que o oncologista preveja a evolução da doença. Desta forma, o doente pode desfrutar de uma melhor qualidade de vida durante o tempo em que está em terapia e as suas hipóteses de recuperação serão maiores.

 

Adriana Terrádez

 

Diretora da OncoDNA em Espanha e Portugal

 

Formada em biotecnología médica

 

In “Saúde Online”