Médico considera que atual sistema está muito orientado para respostas reativas e não proativas
“Não solucionamos os problemas resolvendo a lista de espera agora e as altas problemáticas amanhã”, diz Maurício Melim.
O médico especialista em Saúde Pública, Maurício Melim, considerou ontem que o atual sistema de saúde “está muito orientando para a doença aguda” e não tanto para a doença crónica, atualmente a mais onerosa, defendendo uma mudança de paradigma.
“Tem que haver um planeamento estratégico e esse mesmo planeamento começa a montante. O sistema de saúde está muito orientado para a doença aguda e a doença aguda exige uma resposta reativa, uma resposta periódica, e não é isso que se quer, uma vez que o grande problema da Saúde, neste momento, são as doenças crónicas”, disse.
Maurício Melim falava durante a conferência 'Saúde para todos: uma prioridade', no Centro de Estudos de História do Atlântico, promovida pelo Instituto de Administração da Saúde, por ocasião do Dia Mundial da Saúde.
Na ocasião, o médico notou que os doentes crónicos necessitam de cuidados continuados, mas como o sistema está orientado para a resposta imediata, isto é, para as doenças agudas, “não consegue integrar e acompanhar as doenças crónicas”, deixando, assim, os doentes “desprotegidos”, adiantou.
Maurício Melim recordou que a maioria destas doenças está relacionada com o sedentarismo, hábitos alimentares e vícios como o consumo excessivo de álcool e tabaco, além das características genéticas individuais.
Para o especialista, “promover mais saúde”, neste contexto, significa “olhar mais para as pessoas”, protegê-las e garantir-lhes o acesso a “determinantes da saúde”, nomeadamente a condições sociais, económicos, ambientais e mesmo culturais favoráveis.
Maurício Melim considerou, assim, que a saúde da população não deve só dizer respeito ao setor da saúde. “A Saúde está em todas as políticas: na Educação, no Comércio e até na Indústria. Temos que pensar que este é um valor, que uma população saudável é uma população que vai desenvolver capacidades, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista social. Mais saúde significa menos gastos”, realçou.
Neste contexto, o médico avançou que é necessário desenvolver políticas de Saúde Pública, atrasando ou evitando a incidência de doenças crónicas e promovendo, assim, o envelhecimento saudável.
“É necessário investir nos cuidados de proximidade. Isto significa apostar no apoio domiciliário, apostar no apoio às famílias e termos uma transversalidade de ajudas para que as pessoas possam continuar a viver onde estão com qualidade”, disse. Para tal, avançou, é também preciso “pensar sobre os erros” cometidos e “mudar o paradigma”.
“Temos que entrar no terreno e procurar soluções integradas, não soluções paliativas para situações agudas. Nós não solucionamos os problemas resolvendo a lista de espera agora e as altas problemáticas amanhã"
Doentes com acesso à Radioterapia
A notícia avançada na quinta-feira pelo JM dava conta de 34 doentes da Região que não tinham acesso a tratamento de radioterapia, disponibilizado pela empresa 'Quadrantes', que tem parceria com o SESARAM, devido a uma avaria da extração de ar que condicionava o funcionamento da máquina de tratamento. De acordo com o que foi apurado pelo JM junto a fonte da referida empresa, neste momento, tal como havida sido prometido pela empresa, a situação já está regulariza e ambas as máquinas já estão em funcionamento.
Tânia R. Nascimento
In "Jornal da Madeira"