Medida visa quebrar o tempo de espera de diagnóstico de infeções sexualmente transmissíveis
As farmácias e os laboratórios de análises clínicas vão estar autorizados a fazer rastreios ao VIH/Sida e às Hepatites B e C.
Portugal é um dos países da União Europeia em que mais tarde são feitos diagnósticos para o HIV/Sida. De modo a atenuar estes dados e de for ma a que os diagnósticos sejam feitos cada vez mais cedo, a Direção geral da Saúde e o Governo publicaram ontem, em Diário de República, um despacho para que farmácias e centros de análises clínicas possam fazer despistes, mesmo sem prescrição médica. Espera-se que dentro de 30 dias os locais contemplados por esta medida sejam autorizados a colocar em prática os testes, já com todas as condições necessárias para o fazer.
Pedro Ramos, secretário da Saúde, afirmou ao JM que esta é uma questão importante e, no que toca Diagnósticos poderão ser feitos cada vez mais cedo. ao Governo da Madeira, “os doentes do Vírus Imunodeficiência Humana e das hepatites têm sido objeto de atenção por parte do Governo Regional, no que diz respeito aos seus tratamentos”. O Secretário da Saúdeadiantou ainda que na semana passada esteve presente num encontro onde “ficou combinado uma reunião em Lisboa com o Infarmed, no sentido de analisar as discrepâncias de preços que são praticados nos tratamentos no continente em relação à Madeira, onde é ligeiramente mais dispendioso”, acrescentou.
Segundo Bruno Olim, presidente da delegação regional da Madeira da Ordem dos Farmacêuticos, esta é “uma medida de saúde pública extremamente importante”. E prossegue, afirmando: “Nós temos já farmácias e laboratórios de patologia e análise perfeitamente equipados, com capacidade técnica e científica, e igualmente com salvaguarda de individualidades e sigilo para o doente. Não será nada difícil concretizar, no entanto, para a população terá um valor elevadíssimo, pois vai permitir aceder mais facilmente a este resultado”.
Bruno Olim alertou ainda para a importância desta medida no que toca às hepatites, afirmando que “um terço das hepatites não estão detetadas e este decreto será importantíssimo como uma medida de saúde pública, é de louvar. Com testes simples 'point of care', com todo o sigilo, comodidade, proximidade, as pessoas terão todas um aconselhamento, e depois, de acordo com a reatividade dos testes, serão encaminhadas para os serviços especializados”, indicou.
Para os casos em que os resultados sejam positivos, os doentes devem prosseguir com as análises, uma vez que, apesar de fiáveis, os testes não servem como diagnóstico. Já em relação ao papel dos farmacêuticos, assim que a norma esteja em vigor, serão orientados para que recebam formação na área, de modo a que a ajuda ao doente seja a mais eficaz possível.
O representante da ordem de farmacêuticos na Madeira revelou ainda que nem todas as farmácias e laboratórios de análises são obrigados a aderir a este decreto, “mas seria muito positivo para a população que assim fosse”, concluiu.
O JM também falou com Paulo Polixo, adjunto da direção executiva da Associação para o Planeamento da Família (APF), sobre o novo decreto que visa aumentar a rede nacional de rastreios de infeções sexualmente transmissíveis. Paulo Polixo afirmou que, em Portugal, não há uma “cultura de rastreios em relação às infeções sexualmente transmissíveis, falta desenvolver uma consciência em relação aos comportamentos preventivos. Por todas essas razões, o rastreio acaba por acontecer tardiamente”.
O adjunto da direção executiva da APF confidenciou ainda que “quantos mais pontos de rastreio houverem” mais facilitada serão os diagnósticos e o próprio acompanhamento médico à população.
In “JM-Madeira”