Entre 2014 e 2017, a mortalidade materna e neonatal registada nos hospitais são-tomenses baixou de 22 para menos de 10, devido a um projeto de financiamento da União Europeia. Os dados são de um estudo divulgado na passada quarta-feira num seminário em São Tomé.

 

O estudo, divulgado durante um seminário que decorreu nas instalações da representação das Nações Unidas em São Tomé, indica que até 2014 morriam mensalmente “entre duas e três mães” e esse número foi diminuindo até atingir no ano passado o valor médio de 9,9.

 

A análise foi feita com base na avaliação feita nas maternidades dos centros de saúde de Porto Alegre e da cidade de Angolares no distrito de Caué, no sul da ilha de são Tomé, em Neves de Guadalupe, norte, no hospital central (capital) e da Região Autónoma do Príncipe.

 

Isabelle Moreira, consultora independente que está em São Tomé ao serviço do Fundo das Nações Unidas para Atividades da População (FNUAP) fez uma comparação desta estatística com as que acontecem em vários países, nomeadamente do continente africano, e concluiu que se trata de “uma cifra muito boa”.

 

 “Eu penso que no final de quatro anos podemos dizer que objetivamente, e de acordo com as cifras, a mortalidade materna e a mortalidade neonatal diminuíram significativamente em São Tomé e Príncipe”, acrescentou à Lusa Isabelle Moreira, consultora do FNUAP e autora do estudo.

 

 “Podemos concluir que a mortalidade durante o parto e nos dias que se seguem ao parto diminuiu praticamente em 50%. Relativamente à morte materna ainda não temos grandes estudos porque o inquérito será feito no próximo ano, mas de acordo com os dados que temos disponíveis, também baixou drasticamente, comparando com 2013”, acrescentou.

 

A aceleração da redução da mortalidade materna e neonatal é a designação atribuída ao documento submetido hoje para avaliação no seminário, no qual participaram médicos, delegados de áreas de saúde, enfermeiros e parteiras.

 

 “O programa atingiu todos os objetivos preconizados e podemos dizer mesmo que ultrapassou a nossa expectativa”, sublinhou Isabelle Moreira, cabo-verdiana de origem senegalesa e e ginecologista e obstetra de profissão.

 

O projeto financiado pela UE em 1,7 milhões de dólares (1,3 milhões de euros) serviu para reforçar o sistema de saúde e as capacidades dos profissionais, reabilitar e equipar infraestruturas e formar quadros.

 

 “Existem 18 novas instrumentistas no país, 20 novas anestesistas e isso é qualquer coisa que vai realmente fazer a diferença. Por conseguinte, quando vemos esses resultados, damos conta por que razão a mortalidade neonatal baixou de facto no país”, explicou.

 

O governo congratulou-se com os resultados alcançados, felicitou a União Europeia enquanto parceiro e os profissionais envolvidos. “A implementação deste projeto que resultou em diversos benefícios, como a redução da morte materna, redução de mortes neonatais, permitiu a reabilitação de várias maternidades, equipar e melhorar os serviços, sem dúvidas que foi um projeto que beneficiou imenso o sistema nacional de saúde”, disse a ministra da Saúde, Maria de Jesus Trovoada.

 

O programa termina em abril, tendo a sua execução atingido os 90% e Isabelle Moreira defende que “existem fortes argumentos para que o governo possa conseguir mobilizar recursos adicionais”.

 

In “Saúde Online”