“O sono e os desafios na vida das mulheres” será um dos assuntos em debate no “Lisbon Sleep Summit”, um congresso internacional que decorrerá de 16 a 19 de maio em Lisboa e cujo tema será, na sua primeira edição “O sono nas mulheres”.
“Hoje em dia a mulher tem de desenvolver vários papéis, sendo ao mesmo tempo trabalhadora/profissional, ser mãe, realizar tarefas domésticas, ser esposa e ser mulher. Há 50 anos a mulher não enfrentava tantos desafios e é impossível ser perfeita em tudo”, explica Teresa Paiva, neurologista, responsável pelo Centro de Medicina do Sono (CENC) e uma das organizadoras do Lisbon Sleep Summit.
“No trabalho, independentemente das funções que exerça, as exigências são enormes, tanto em termos do trabalho efetivo que é feito, com toda a parafernália de prazos, objetivos, controlos, burocracias, exigências e interrupções, como em termos da duração desse mesmo tempo de trabalho, o que faz com que a mulher chegue a casa exausta”, reforça a especialista.
Teresa Paiva lembra ainda que apesar de o trabalho doméstico estar atualmente facilitado, há sempre muitas tarefas a fazer e deve ser somado ao trabalho normal. Se alguém trabalha 10 horas por dia fora de casa e acrescenta mais 2 ou 3 de trabalho doméstico tem um total de 60 ou 65 horas em 5 dias da semana, sem contar com o fim de semana, que muitas mulheres usam para fazer as tarefas mais pesadas. No final vai haver um grande cansaço, que em nada ajuda a conciliar o sono”.
E há ainda a questão da maternidade. A especialista em sono defende que “a mãe hoje em dia é carregada de culpas e obrigações: tem de dar de mamar até tarde, mesmo quando já está a trabalhar e muito cansada, tem de levar os filhos a muitas atividades mesmo quando isso a cansa a ela e aos filhos e sente que tem de lhes dar aquilo que não teve. A mãe que já está cansada, sente-se certamente triste e cheia de culpa”.
Todos estes desafios influenciam a qualidade do sono e até mesmo a capacidade de dormir. “A mulher enquanto pessoa e senhora do seu sentir e dos seus sentimentos fica muitas vezes esquecida, e assim vem a baixa auto-estima, a tristeza, a depressão, a ansiedade a impossibilidade de dormir”, conclui Teresa Paiva.
Além de “o sono e os desafios na vida das mulheres”, o Lisbon Sleep Summit irá dedicar-se a temas tão diversos como o sono e a violência e as “coisas” estranhas que as mulheres fazem à noite.
Esta iniciativa é destinada a clínicos, cientistas, entidades públicas e privadas e à sociedade civil, apelando a que participem ativamente na discussão e na criação de soluções para as principais questões negativas associadas ao sono nas Mulheres. Tem como objetivo melhorar o conhecimento relacionado com o sono no género feminino, avaliar o impacto de fatores internos e externos no sono das mulheres em qualquer idade e discutir as diferenças entre géneros no âmbito da Medicina do Sono. Mais informação sobre o Lisbon Sleep Summit em http://www.lisbonsleepsummit.org
In “Saúde Online”