SESARAM celebra 20 anos desta técnica que retira a dor e mantém sensiblidade motora da parturiente
Coordenadora da Anestesiologia Obstétrica do SESARAM.
“Dor do trabalho de parto, equipara-se muito à amputação de um dedo a sangue frio”, referiu Mara Vieira.
No próximo sábado, o SESARAM celebra os '20 Anos de Analgesia de Parto', uma prática que esteve presente em 81% dos partos efetuados no ano passado na Região, o que representou um acréscimo de 2% face a 2016.
Assim, dos 1.870 partos contabilizados em 2017 pelo SESARAM, cerca de 1.500 foram feitos com recurso a analgesia, afirmou a coordenadora da Anestesiologia Obstétrica do SESARAM, Mara Vieira, que explicou ao JM que, enquanto a anestesia envolve uma perda de consciência, a analgesia retira apenas a dor da parturiente que continua a “ter sensibilidade motora” e a “experienciar as contrações uterinas”.
Mara Vieira acrescentou que a analgesia dá às mulheres a possibilidade de deambularem durante o parto e de irem até à janela, ou corredores, se as condições o permitirem. “Se a mãe estiver sem dor, está mais calma e o bebé fica mais calmo. Todo o processo do nascimento do bebé faz-se de uma maneira mais harmoniosa”, salientou a responsável. “A contração provoca uma dor lancinante, que se nós fomos comparar em termos de escala de dor, a dor do trabalho de parto equipara-se muito à amputação de um dedo a sangue frio, é uma dor bastante lancinante. E nós conseguimos tirar essa perceção da dor”, prosseguiu Mara Vieira.
Existem alguns efeitos secundários, sendo o que ocorre em maior número, mas em menos de 1% dos casos, as cefaleias que ocorrem depois do parto. A coordenadora explicou que algumas mulheres apresentam “dores de cabeça quando se levantam da cama” que se aliviam quando se deitam e que podem “durar dois ou três dias”.
Sendo o recurso a esta técnica uma decisão da paciente, há mulheres que a recusam devido a razões culturais, falta de informação, ou vontade de ter a experiência da dor do parto. Há também quem queira recorrer à analgesia e não possa, por apresentar contra-indicações relativas à epidural, como “alterações da coagulação, plaquetas muito baixas, ou grandes tatuagens nas costas”, referiu Mara Vieira.
Abordando o tópico da presença da figura paterna no nascimento de um bebé, a coordenadora garantiu que são “cada vez mais os pais que gostam e fazem questão de acompanhar o processo do trabalho de parto e muitas vezes cortar o cordão umbilical”.
Quanto à falta de anestesistas que tem sido registada ao nível nacional e regional, a responsável disse que relativamente a esse dado, que tem sido contrariado “não tendo todas as salas operatórias abertas”, “não é possível dar a volta”. Garantiu, no entanto, que “há um anestesista 24 horas a fazer cobertura da analgesia de parto” na maternidade.
Questionada sobre o porquê de ter escolhido a profissão de anestesiologista, Mara Vieira garantiu que foi por ser “a melhor especialidade médica do mundo”.
“Sinto que as parturientes vêm o anestesista como o salvador que vai-lhe tirar a dor e isso é muito gratificante para nós”, concluiu a coordenadora da Anestesiologia Obstétrica do SESARAM.
Cláudia Ornelas
In “JM-Madeira”