Todos os anos, 2,6 milhões de recém-nascidos em todo o mundo não sobrevivem ao primeiro mês de vida, sublinha a Unicef, que vai lançar campanha para combater estas mortes evitáveis.
Portugal está entre os 20 países do mundo onde a mortalidade de recém-nascidos nas primeiras quatro semanas de vida é mais baixa. Em 2016, figurava no 17.º lugar no ranking da Unicef com uma das mais baixas probabilidades de um bebé morrer no primeiro mês de vida, indica o último relatório da organização das Nações Unidas para a infância sobre esta matéria e que vai ser divulgado nesta terça-feira .
Um lugar que nos deixa a léguas da situação que se vive em países mais pobres, como o Paquistão, a República Centro-Africana e o Afeganistão, que lideram a lista das nações com maior mortalidade neonatal (até aos primeiros 28 dias de vida). A Unicef analisou a situação de 184 países.
Em todo o mundo, o número global de mortes de recém-nascidos “continua a ser assustadoramente elevado, sobretudo nos países mais pobres”, destaca a organização em comunicado. Se todos os países baixassem a sua taxa de mortalidade neonatal para a média dos países de rendimento elevado até 2030, calcula, “16 milhões de vidas poderiam ser salvas”.
Para pôr fim a estas mortes evitáveis, a Unicef lança este mês a campanha Todas as vidas contam. Vai “exigir e apresentar soluções” para este problema e fazer um "apelo urgente" a governos, dadores, empresas e famílias para a necessidade de ter profissionais de saúde com formação adequada a prestar assistência às mulheres.
"Todos os anos, 2,6 milhões de recém-nascidos em todo o mundo não sobrevivem ao primeiro mês de vida. Destes, um milhão morre no mesmo dia em que nasce", afirma a directora-executiva da Unicef, Henrietta H. Fore, citada no comunicado.
A disparidade entre países é enorme: os bebés que nascem nas nações mais desfavorecidas têm uma probabilidade de morrer no primeiro mês que é cerca de 50 vezes superior à dos recém-nascidos dos países em melhor situação.
A lista é liderada pelo Japão, Islândia e Singapura, países onde os bebés têm “melhores probabilidades de sobrevivência”. Para se ter uma ideia da disparidade, enquanto no Japão morre um em cada 1111 bebés no primeiro mês de vida, no Paquistão um em cada 22 recém-nascidos não sobrevive neste período. Em Portugal esta relação é de 1 para 476.
Mais perigoso nascer em África
“Apesar de, nos últimos 25 anos, termos diminuído em mais de metade o número de mortes entre crianças com menos de cinco anos, não se verificou o mesmo progresso relativamente às que morrem no primeiro mês de vida”, lamenta Henrietta H. Fore.
Oito dos dez locais mais perigosos para se nascer situam-se na África subsaariana, uma vez que as mulheres grávidas têm muito menos hipóteses de serem assistidas durante o parto devido à pobreza, aos conflitos e à falta de infra-estruturas.
Mais de 80% destas mortes ficam a dever-se à prematuridade, complicações durante o parto ou infecções, situações que poderiam ser evitadas com acesso a profissionais de saúde com formação adequada, água limpa, desinfectantes e cuidados simples com a amamentação durante a primeira hora de vida e uma boa alimentação, lembra a Unicef.
In “Público”