Dia Mundial da Lepra é assinalado este domingo em todo o mundo, com acções que visam alertar para a doença e a exclusão social que provoca.
Brasil e Moçambique estão entre os países onde as Nações Unidas consideram ser prioritário intervir para combater a lepra, uma doença infecciosa que afecta a pele e os nervos.
A responsável pelo programa para a eliminação da lepra no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Alice Cruz, sublinhou neste domingo em que se assinala o Dia Mundial da Lepra, a preocupação quanto à situação no Brasil e em Moçambique, países onde é necessário agir para combater os casos registados e "a discriminação contra as pessoas afectadas pela lepra".
Noutros países, como Índia, Indonésia, Bangladesh, República Democrática do Congo, Madagáscar, Birmânia, Nepal, Filipinas, Etiópia e Nigéria, a lepra, uma doença curável, assume também uma dimensão preocupante.
A Organização Mundial de Saúde registou 214,783 casos de lepra em 2016 - 12,437 deles com um grau considerado sério de deficiência.
A portuguesa Alice Cruz, uma docente universitária no Equador, assumiu o cargo no ACNUDH em Novembro de 2017. Tem por missão ser a "voz activa" das pessoas afectadas, para as quais reclama "o direito de participar em todos os processos de tomada de decisão, bem como na elaboração, execução, monitorização e avaliação de políticas públicas que as envolvam".
"Muitas pessoas com lepra permanecem presas num ciclo interminável de discriminação e deficiência", disse Alice Cruz, aludindo ao "estigma" que sofre um doente, um "equívoco" que deve ser combatido "com informação e educação".
A responsável denuncia que a lepra "leva a violações de direitos humanos e à segregação de pessoas atingidas pela doença". "A realidade é que a doença continua a afectar pessoas, o que mostra que há atrasos no diagnóstico e falta de acesso a tratamento de alta qualidade. As crianças estão entre aqueles que sofrem desnecessariamente", disse.
Alice Cruz acentuou que "os países onde a lepra é endémica associa-se às desigualdades sociais e afecta principalmente as comunidades mais pobres. Em outros países, surgem novos desafios, tais como o aumento de casos entre pessoas nascidas no exterior".
Em Portugal, a Direcção-Geral de Saúde considera que a lepra não constitui perigo para a saúde pública.
A Federação Internacional das Associações Anti Lepra está a desenvolver este ano um conjunto de iniciativas focadas na eliminação da deficiência em crianças que contraem a doença.
In “Público”