As notificações de reações adversas de medicamentos estão a aumentar. Em seis anos, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) recebeu quase 26 mil denúncias. Mais de metade foram apresentadas pela indústria farmacêutica e apenas 21% correspondem a participações por médicos

 

Os fármacos para o tratamento do cancro, os antibióticos, os antivirais e as vacinas lideram a lista dos medicamentos com maior número de notificações, notivcia o JN.

De 2012 ao terceiro trimestre de 2017, o Infarmed recebeu 25 978 notificações de reações adversas, correspondendo a mais de 20 mil casos, a maioria dos quais reportando reações graves.

Uma situação que se tem vindo a agravar nos últimos anos. Em 2012, contabilizaram-se 3104 denúncias, mais 400 do que no ano anterior. Em 2014, já se registaram 4618 participações e, em 2016, subiram para 5698. No ano transato, até ao final de setembro, foram recebidas 4198 notificações.

Entre os profissionais de saúde, os enfermeiros são os que menos denúncias fazem. Desde 2012, tendo o Infarmed recebido apenas 1603 informações de enfermeiros sobre efeitos secundários indesejáveis. Pior registo têm os doentes. Apesar de a possibilidade de participação direta ao Infarmed ter sido consagrada na lei em 2012, chegaram à autoridade do medicamento apenas 982 notificações (3,8% do total) entre 2012 e setembro de 2017.

Já a indústria farmacêutica é quem mais reações reporta, com 52,5% das notificações (13 652) em igual período, cumprindo, aliás, uma obrigação legal. O crescimento das participações dos efeitos secundários dos medicamentos é uma boa notícia para o Infarmed, que gostaria que fosse ainda maior. Daí ter melhorado o portal RAM (Reações Adversas a Medicamentos), para que a notificação seja mais simples, mais intuitiva e que possa ser feita, em poucos minutos, através do telemóvel ou do tablet [ler ficha]. O Infarmed garante a confidencialidade do denunciante.

 “Na dúvida, notifique. Estamos cá nós para verificar a justeza de cada notificação. Quando maior for o número de notificações, mais seguro é o medicamento. O facto de haver mais notificações de reações adversas não significa que há maior risco dos medicamentos.

Mas permite conhecê-los melhor”, assinala Fátima Canedo, da direção de gestão do risco de medicamento do Infarmed, em declarações ao JN.

“Este ano, não foi necessário retirar medicamentos do mercado. É uma decisão que não acontece com regularidade”, afirma Fátima Canedo ao IN. lá a alteração de bulas “é a vida do dia-a-dia”, com a introdução de novos efeitos secundários (desconhecidos até à denúncia), de restrições a determinados doentes, como pacientes com insuficiência renal, ou de recomendações sobre a forma adequada de tomar o remédio.

Em 2017, até setembro, entraram 4198 denúncias referentes a 3403 casos, dos quais 2882 reportavam efeitos graves. Não admira, por isso, que os fármacos para o tratamento do cancro estejam sempre no topo da lista. “São os que têm reações adversas mais graves e em doentes mais incapacitados. Por isso, há uma preocupação maior em fazer a comunicação”, explica Fátima Canedo, apelando a uma participação alargada a todo o tipo de efeitos secundários; menos graves, graves ou até inesperados.

Entre os tipos de medicamentos mais denunciados, encontram-se antibióticos, antivirais, imunossupressores, vacinas, psicofármacos (para doenças psiquiátricas) e analgésicos. lá as reações mais comuns são os efeitos generalizados em diferentes partes do corpo, na pele e nos sistemas nervoso e gastrointestinal. • ao pormenor:

Como denunciar •Para notificar reações adversas dos medicamentos basta aceder ao site do Infarmed (www.infarmed.pt) e clicar no link para o portal RAM disponível na página de rosto. Terá de indicar se é utente ou profissional de saúde, seguindo-se o preenchimento de uma ficha para detalhar os efeitos indesejáveis, o medicamento suspeito de ter causado a reação, os dados do doente e os contactos do notificador. 

Quanto mais notificações de reações adversas houver, mais seguro se torna o medicamento, porque vamos conhecê-lo melhor” casos graves foram notificados ao Infarmed entre janeiro e setembro deste ano, o que faz com que 84% das participações sejam por efeitos secundários de maior gravidade. Este ano, lideram os antibióticos e fármacos para o cancro.

 In “Saúde Online”