Relatório de 2017 do ONDR

 

O Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) 2017 divulgou os resultados dia 23 de novembro. Uma das primeiras conclusões a retirar é que entre 2006 e 2015 a morte por doenças respiratórias aumentou 24%.

 

O Relatório de 2017 do ONDR, que mostra dados de uma análise realizada nos últimos anos, permite averiguar que, em 2015, morreram 22.767 pessoas com doenças respiratórias, mais 4.392 do que em 2006.

 

José Alves, pneumologista que assumiu a presidência do Observatório Nacional de Doenças Respiratórias e da Fundação Portuguesa do Pulmão reconhece que “há muito a melhorar, a todos os níveis, na classe médica, nos profissionais ligados à saúde, nas metodologias definidas e a definir, na forma de as implantar, no relacionamento das instituições, na forma como se pensam a elas próprias, como se relacionam com a tutela e na forma como a tutela se relaciona com todos. Há muito a melhorar na uniformização e na equidade da prestação dos serviços, tratamentos e atos médicos na área da saúde respiratória”.

 

Entre as diversas doenças respiratórias conhecidas, a pneumonia a continua a ser a principal causa de morte por doença respiratória em Portugal: cerca de 55.000 mortes por 100.000 habitantes, um valor muito acima da média europeia, que ronda as 25.000 mortes.

 

É nos distritos de Beja (com 25% de óbitos), Setúbal (24%), Portalegre (22%), Santarém e Faro (ambos com 21%) que mais se morre com pneumonia.

 

Em nove anos, as mortes por pneumonia aumentaram e, só em 2015, registaram-se 43.199 internamentos, o que representa 37% dos internamentos por doença respiratória.

 

No total, em 2015, foram internadas 115.828 pessoas devido a doenças respiratórias, sendo as pneumonias e insuficiências respiratórias as principais causas de internamento.

 

O Relatório de 2017 regista um aumento de 15% de internamentos em relação a 2010 e de mais 35% em relação a 2006.

 

No mesmo sentido, os episódios de doentes submetidos a ventilação mecânica mais do que duplicaram (aumentaram 167%) em relação a 2006.

 

A doença que apresenta aumentos mais preocupantes é a insuficiência respiratória: mais 71% de mortes entre 2006 e 2015 e 160% de internamentos com ventilação mecânica, segundo os dados avançados no relatório.

 

O número de internamentos por pneumonia, insuficiência respiratória, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), neoplasias, asma, pleura, tuberculose, bronquiectasias e gripe também aumentou 35% entre 2006 e 2015.

 

Tendo em conta o grande impacto que as doenças respiratórias têm na vida das pessoas e do número de mortes que provocam, este Relatório revelou ainda que menos de 2% dos doentes com indicação para reabilitação respiratória são tratados nos 25 centros de reabilitação existentes em Portugal. “Estes dados demonstram que os pacientes e a comunidade médica ainda não estão sensibilizados para a importância da reabilitação respiratória e para os resultados muito significativos que dela se conseguem”, comenta o presidente do ONDR.

 

O Relatório ONDR 2017 propõe ainda várias medidas à promoção da saúde e prevenção nas doenças respiratórias, tais como “diagnóstico precoce, informar a população de risco para a vigilância de sintomas, melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde, vigiar precocemente os grupos de risco, seguir os protocolos para o tratamento de pneumonias, vacinar os doentes com mais de 65 anos, sensibilizar a população e os médicos de medicina geral e familiar para a necessidade de realizar a espirometria nas pessoas em risco de DPOC e, entre outras recomendações, fazer rastreio do cancro do pulmão e tuberculose.

 

Este ano, colaboraram no Relatório do ONDR 12 especialistas da área da pneumologia e do sector da saúde em Portugal, simultaneamente conhecedores da realidade teórica e das necessidades práticas.

 

In “Jornal Económico”