Num artigo aqui publicado foram apresentadas estratégias de prevenção do consumo de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, através de um Guia Prático para as Famílias, elaborado pelo Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM, através da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências.
Foi igualmente referido que são os pais os principais agentes de prevenção e que cabe a estes a árdua tarefa de no dia-a-dia a porém em prática.
Mas como se previne? Que estratégias de prevenção são estas? Como se deve atuar?
Uma das responsabilidades dos pais é, sem dúvida, estabelecer NORMAS que regulem a conduta dos filhos.
As normas não podem ser todas iguais. Algumas são fundamentais e indiscutíveis. Outras poderão ser negociadas. Quando é impossível chegar a um acordo, prevalecerá o critério dos pais, pois querem sempre o melhor para os filhos.
Quando os filhos são adolescentes, as normas devem ser explicadas, argumentadas e discutidas e permitirão que se habituem à existência de LIMITES. Devem ser:
Realistas
Possíveis de se cumprir e adaptadas à realidade, nomeadamente à idade, às capacidades e à personalidade dos filhos. Não podemos pedir a uma criança hiperativa que estude durante quatro horas seguidas.
Claras
Para cumprirem as normas, têm que as entender. Devem saber o que é que se espera deles. Em casa antes das dez horas, é muito mais fácil entender e cumprir do que dizer somente Vem cedo.
Consistentes
Se a norma é chegar antes das dez horas, não devemos ignorar que ele chegou mais tarde. Se não o confrontar com as consequências deste atraso perde autoridade e credibilidade.
Coerentes
As normas dos filhos mais pequenos não são as mesmas para os filhos mais velhos. Devem existir normas gerais, em que todos os membros têm que as cumprir e outras, mais específicas, para cada um dos membros.
Como implementar normas de comportamento
Manter o controlo emocional
Os pais devem manter-se calmos ao implementar uma regra. Perante situações de tensão, o mais provável é que a norma seja rígida e inadequada. Nestes casos, os filhos interpretam a norma mais como uma ameaça e um castigo e não como uma regra.
Manuel, foram estas horas estipuladas para chegares a casa? É muito tarde, amanhã conversamos sobre isto. Atitude adequada
O filho sabe que tem de chegar antes das 24 horas, mas chega às 2:00 da manhã. Os pais zangados, disseram naquele momento Vais estar um ano sem sair à noite. Atitude inadequada
Os pais devem determinar quando e quanto tempo tem para usufruírem das actividades preferidas. Atitude adequada
Um dos filhos dedica boa parte do tempo a ver TV. Depois do jantar, fecha-se no quarto, durante horas. Este comportamento reduz a comunicação com os pais e irmãos. Atitude inadequada
Reforços
Quando a regra é instituída e se o seu filho a cumpre, deve felicitá-lo e poderá até gratificá-lo. Posteriormente, a regra fará parte da rotina.
Punições
O incumprimento implica uma punição e a retirada de um privilégio. Não deve humilhar, ferir os sentimentos e a auto-estima. A restante família não tem de sofrer as consequências pelo incumprimento das normas de um dos filhos.
Deve explicar o motivo da punição, aplicá-la após o comportamento inadequado, adequá-la à idade e fase de desenvolvimento e eleger uma punição que o filho sinta que está a ser penalizado (não jogar à bola com os amigos, sabendo que é um dos seus passatempos preferidos).
Lembre-se: No sentido de oferecer uma resposta clara é necessário conjugar autoridade, razão, diálogo e afeto.
Mónica Pereira
Socióloga
Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais
Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências.
In “Jornal da Madeira”