Projecções do INE até 2080 foram reveladas nas ‘Estatísticas Demográficas 2016’
Até 2080, haverá na Madeira 307 idosos para cada 100 jovens. As projecções feitas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) foram divulgadas recentemente na publicação ‘Estatísticas Demográficas 2016’ e têm por base os valores relativos ao índice de envelhecimento registado entre 2011 e 2016.
A publicação do INE revela que na Região Autónoma da Madeira o índice de envelhecimento aumento de 87 para 112 entre 2011 e 2016, e deverá quase triplicar até 2080.
A verdade é que o índice de envelhecimento tem vindo a aumentar paulatinamente em todas as regiões do país. A média nacional, aliás, aumentou de 128 para 151 entre 2011 e 2016. Estes valores podem aumentar para 317 idosos por cada 100 jovens até 2080, de acordo com os resultados obtidos no cenário central do exercício mais recente de projecções de população residente. “O envelhecimento demográfico é transversal a todas as regiões, prevendo-se a continuação desta tendência até 2080”, sublinha a publicação em causa.
Mas não é apenas o número de idosos que aumentou relativamente ao total de jovens. O INE revela que, no período em análise, “verificou-se também o envelhecimento da população em idade activa”, um dado evidenciado pela diminuição do índice de renovação da população em idade activa. Na Madeira, este índice passou de 120 para 96 pessoas com 20 a 29 anos de idade por cada 100 pessoas dos 55 aos 64 anos. Mesmo assim, o índice de renovação registado na Madeira é o segundo mais elevado do país (apenas suplantado pelos Açores) e está acima do valor médio nacional: 80.
Maior percentagem de pessoas idosas
Em termos percentuais, em 2016, a população residente em Portugal era composta por 14,0% de jovens, 64,9% de pessoas em idade activa e 21,1% de idosos. Na Madeira, a população residente tinha 14,3% de jovens até aos 14 anos de idade, 69,7% de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos e 16% com 65 ou mais de idade.
Estes valores fazem da Madeira, a região do país com menor percentagem de população jovem e aquela com maior percentagem de pessoas idosas
Entre 2011 e 2016, a proporção de jovens decresceu 2,2 pontos percentuais na Madeira (de 16,5 para 14,3%), sendo que na média nacional, a diminuição foi apenas de 0,9 p.p., de 14,9 para 14,0%. Já a percentagem de idosos aumentou 1,5 p.p., de 14,4 para 16% (em todo o país o aumento foi de 2,1 p.p., de 19 para 21,1%).
O INE refere que todas as regiões apresentam decréscimos da proporção de jovens, com excepção da Área Metropolitana de Lisboa. “O aumento da proporção de idosos é transversal a todas as regiões”.
Taxa de fecundidade mais baixa do país
As projecções relativamente ao índice de envelhecimento estão também relacionadas com o número de nascimentos e com a taxa de fecundidade registada. Segundo as ‘Estatísticas Demográficas 2016’ do INE as perspectivas neste âmbito não são animadoras. A publicação revela que a Região apresenta o índice sintético de fecundidade mais baixo do país: 1,07 nados-vivos por mulher em idade fértil. Aliás, neste âmbito a Madeira está mesmo em contra-ciclo com o resto do país onde se tem registado um aumento do índice de fecundidade. “No período entre 2011 e 2016, o índice sintético de fecundidade (ISF) apresentou oscilações, tendo registado o valor mais baixo em 2013 (1,21 filhos por mulher em idade fértil). A partir de 2014 verificou-se uma recuperação, atingindo em 2016 o valor de 1,36 nados-vivos por mulher em idade fértil. Todas as regiões apresentaram aumentos em 2016, com excepção da Região Autónoma da Madeira, onde se verificou um ligeiro decréscimo e se registou o valor mais reduzido”, explica o INE.
Também no que concerne a taxa de fecundidade geral, a Madeira volta a estar no lugar mais baixo da tabela. Segundo o INE, “em 2016, a Área Metropolitana de Lisboa apresentava a taxa de fecundidade geral mais elevada (45,4 nados-vivos por mil mulheres em idade fértil), e conjuntamente com o Algarve (41,7 nados-vivos por mil mulheres em idade fértil) valores acima do observado para Portugal (37,14 nados-vivos por mil mulheres em idade fértil). As restantes NUTS II [regiões] apresentavam valores inferiores, observando-se o mais reduzido na Região Autónoma da Madeira (29,2 nados-vivos por mil mulheres em idade fértil).
Taxa de crescimento negativa
De acordo com as ‘Estatísticas Demográficas 2016’ da responsabilidade do INE, em 2016 a taxa de crescimento efectivo em Portugal foi de -0,31% em 2016 (-0,32% em
2015). A mesma publicação revela que as regiões Norte, Centro, Alentejo e Região Autónoma da Madeira apresentaram taxas de crescimento efectivo negativas mais elevadas do que a verificada para Portugal. A da Madeira pautou-se pelos -0,61%.
No que se refere ao crescimento natural, verificou-se uma taxa de -0,23% em Portugal, e valores negativos mais acentuados nas regiões Centro, Alentejo, Algarve e Região Autónoma da Madeira, este último acima da média nacional (0,29%).
Quanto às taxas de crescimento migratório, o valor em Portugal foi de -0,08% (-0,10% em 2015), verificando-se valores também negativos nas regiões Norte, Centro, Alentejo e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Esta última obteve mesmo o segundo valor mais baixo do país com -0,31%.
Entre 2011 e 2016, nas regiões Norte, Alentejo e na Região Autónoma da Madeira, as taxas de crescimento efectivo da população foram sempre negativas, em resultado de saldos naturais e de saldos migratórios negativos ao longo de todo o período.
In “Diário de Notícias”