Erradicação da Hepatite C
Representantes do Governo português, políticos, especialistas, médicos e associações de doentes e grupos de ativistas na área reuniram-se hoje em Bruxelas para anunciar a sua intenção de trabalhar juntos com o objetivo de eliminar o vírus da Hepatite C até 2030, ao assinarem o “Manifesto pela Eliminação da Hepatite C”.
O evento sucede a primeira Cimeira Política Europeia dedicada à eliminação do vírus da Hepatite C na Europa que decorreu em fevereiro do ano passado, em Bruxelas, e durante o qual foi apresentado o “Manifesto pela Eliminação da Hepatite C, que delineava questões políticas para a eliminação da hepatite C na Europa até 2030.
Carlos Zorrinho, deputado do Parlamento Europeu e anfitrião do evento, saudou o facto de a Cimeira ser a primeira a dar concretização à Estratégia Europeia para erradicar a hepatite C até 2030, adiantando que isso só foi possível “não apenas pela consciência da importância do problema em Portugal mas também porque os serviços de saúde e as associações de pacientes portugueses têm criado um vibrante dialogo procurando encontrar as melhores soluções”.
Consciente de que Portugal está empenhado em acabar com a epidemia até 2030, Fernando Araújo, secretário de Estado Adjunto e da Saúde de Portugal, explica que a primeira Estratégia Nacional para as Hepatites Virais em Portugal, lançada este ano, se baseia na universalidade, na equidade e na qualidade, não deixando de parte a prevenção, informação, conhecimento e rastreios dirigidos.
“Pela primeira vez, foi dada atenção especial aos grupos vulneráveis: reclusos, trabalhadores do sexo, sem-abrigo e emigrantes, que têm tido dificuldade no acesso ao tratamento”, acrescenta Fernando Araújo, crente de que esta realidade irá mudar.
Ricardo Baptista-Leite, membro do Parlamento de Portugal, encara a eliminação da hepatite C como um objetivo de saúde pública, o que implica a exigência de “uma liderança determinada, um reforço do papel dos cuidados de saúde primários e maior investimento em prevenção, rastreios, diagnóstico e ligação aos cuidados de saúde”, afirma.
“As autoridades Portuguesas podem, nesse caso, contar com o apoio da sociedade civil, das comunidades chave e das pessoas que vivem com a doença e todos os stakeholders devem estar prontos para trabalharem em conjuntos na obtenção deste objetivo comum”, referiu o presidente do GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos e diretos do EATG – European AIDS Treatment Grup e da Colaition Plus, Luís Mendão.
“Depois de 25 anos de pesquisa, os investigadores desenvolveram os meios para se curar a hepatite C com eficácia, tornando a eliminação da hepatite C na Europa na próxima década uma possibilidade genuína. Mas a ação política ao nível nacional tem de tornar isto possível, especialmente num País como Portugal onde a infeção por hepatite C é um enorme desafio de saúde pública,”, afirma o Prof Angelos Hatzakis, Presidente da Associação Hepatitis B and C Public Policy. “O nosso Manifesto pela Eliminação serve de plataforma de reunião para políticos e ativistas Europeus e nacionais. Se agirmos agora, a Europa estará livre da hepatite C em 2030,” continuou o Prof Hatzakis.
Os signatários do Manifesto pela Eliminação da Hepatite C comprometem-se a tornar a hepatite C e a sua eliminação na Europa uma prioridade clara de saúde pública a ser perseguida a todos os níveis; a assegurar que doentes, grupos da sociedade civil e outras partes interessadas sejam diretamente envolvidas no desenvolvimento e implementação de estratégias de eliminação de hepatite C; a dar especial atenção à ligação entre a hepatite C e a marginalização social; e a introduzir uma Semana Europeia de Consciência sobre a Hepatite.
SO/SF
In “Jornal Económico”