A asma é uma doença crónica muito prevalente, constituindo um problema de saúde pública do lactente ao adulto idoso. Em Portugal, cerca de um milhão de habitantes sofrem com esta doença.
A asma é responsável por múltiplos recursos aos serviços de urgência e por um número crescente de episódios de internamento hospitalar, decorrentes da gravidade clínica relacionada com um deficiente controlo. E apenas cerca de metade dos asmáticos estão controlados.
Mas a perceção do asmático acerca do controlo da sua doença é deficiente em cerca de 80% daqueles que têm a sua qualidade de vida significativamente limitada por esta doença.
A equipa de saúde tem um papel importante na informação e educação do asmático com vista a um melhor conhecimento da doença, aumentando-se ainda a adesão ao tratamento. Tem sido demonstrado que existe uma melhoria significativa no controlo da doença e na redução do uso de medicação de alívio, em doentes que recebem reforço de informação. E, ao mesmo tempo, reduzem-se os custos.
A educação do doente, bem como a implementação de programas de intervenção, multidisciplinares, permitem um melhor conhecimento da utilização dos fármacos antiasmáticos, nomeadamente dos inaladores, e dos motivos geradores do não controlo da doença.
Importa esclarecer e acabar com mitos e crenças: na maioria dos casos a asma não é difícil de diagnosticar, mesmo na criança; a asma não passa com a idade; os sintomas são a base do diagnóstico da asma; a asma pode afetar muito a qualidade de vida; a asma pode ser controlada; se bem utilizados, os tratamentos para a asma não são perigosos; os corticoides por via inalatória são seguros; os broncodilatadores não “fazem mal ao coração”; é muito perigoso deixar a asma controlar a nossa vida.
Importa falar com os asmáticos. Colocar-lhes questões. Pedir-lhes para questionarem os profissionais sobre as suas dúvidas e receios. Importa medir o controlo. E interpretá-lo.
Tem asma, conhece asmáticos? Sabe que é uma doença crónica que tem controlo? Sabe que a maioria dos asmáticos não avalia a sua doença? Sabe que quando se avalia o controlo da asma, a maioria dos asmáticos estão mal ou muito mal controlados? E, afinal, o que é a falta de controlo? É ter sintomas diurnos e noturnos, é ter uma vida, física e psiquicamente pouco ativa, é ter crises de falta de ar, é faltar ao trabalho ou à escola, é estar sempre cansado. É frustrante.
Consegue correr? Dorme bem? Subir escadas é possível? O nariz está sempre tapado? O que é que deixa de fazer? E os seus filhos? Afinal, não sabia que tinha asma?
O diagnóstico baseia-se nos seus sintomas e em alguns exames, iniciando-se então um programa de controlo assente em educação, evicção alergénica e alguns medicamentos, usados de uma maneira que se consiga a maior eficácia ao menor custo. E, é claro, a medicação de crise tem de estar sempre presente.
A educação é essencial. Importa que a doença seja gerida em conjunto pelos profissionais de saúde e pelo asmático e seus familiares, isto é, consigo e para si. Participe. Inscreva-se na Associação Portuguesa de Asmáticos.
Mas também sabemos que os custos penalizam os doentes, em particular os que têm asma mais grave. A asma tem controlo, mas o custo, de facto, pode ser insuportável.
Os asmáticos não devem ter medo do tratamento, pois é a asma que cronicamente, dia após dia, ano após ano, década após década, nos perturba a qualidade de vida, em especial se não está bem controlada.
Informe-se e estabeleça uma boa relação com a equipa de saúde. Comunicação. É a “pedra de toque”. É essencial.
MÁRIO MORAIS DE ALMEIDA
Presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos
In “Jornal da Madeira”