Programa Nacional para as Doenças Oncológicas relaciona evolução da mortalidade entre 2014 e 2015 com alterações do consumo do tabaco por género.
O número de doentes com cancro continua a aumentar seguindo a tendência dos últimos anos e a mortalidade cresce a uma taxa menor. De acordo com o mais recente relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, apresentado nesta quinta-feira, o estado da doença e dos doentes oncológicos não se alterou muito de 2014 para 2015.
A incidência aumentou a uma taxa de 3% ao ano, seguindo o mesmo padrão dos outros países europeus e em consequência do envelhecimento da população. A idade média dos doentes também aumenta, destaca Nuno Miranda coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que apresenta o documento no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto.
O cancro do pulmão continua a ser o que mais mata, e a sua taxa de mortalidade aumentou mas apenas entre as mulheres. Ao mesmo tempo que é a neoplasia com maior taxa de mortalidade em Portugal, é também aquele onde se observa uma “variação geográfica significativa” na Região Autónoma dos Açores, lê-se no relatório.
No geral, o facto de haver mais sobreviventes significa que “os resultados dos tratamentos são satisfatórios”, de acordo com Nuno Miranda, coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que apresenta esta manhã no Porto o relatório de 2017. Cerca de metade das pessoas com cancro sobrevivem. Ou porque se curaram ou porque continuam em tratamento. Cada caso é um caso, realça Nuno Miranda, mas "cada doente individualmente vive mais tempo". Cerca de 50% dos doentes com cancro não vêm a morrer dessa doença. E os que continuam com a doença e em tratamento, vivem mais tempo, acrescenta.
Diferenças por região
Entre as principais conclusões do documento, está também a prevalência do cancro no estômago que apresenta uma mortalidade significativamente mais alta na região Norte de Portugal, o que de acordo com o relatório está “estreitamente relacionado com hábitos alimentares”. O Alentejo é onde mais pessoas morrem por cancro colorrectal. Em Portugal, as doenças oncológicas continuam a ser a segunda causa de morte a seguir às doenças cérebro-cardiovasculares.
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Nesta sessão, que conta com a presença do Secretário de Estado e Adjunto da Saúde, Fernando Araújo, será também apresentado o Relatório Nacional dos Rastreios, de acordo com o qual se expandiu a cobertura geográfica dos rastreios a utentes.
O rastreio do cancro da mama e o rastreio do cancro do colo do útero são os que têm uma maior e significativa cobertura nacional.
ANA DIAS CORDEIRO
In “Público”